José Ribeiro, o último membro fundador do Trio Odemira, morreu esta quinta-feira, confirmou o Observador junto da Casa do Artista, onde o músico estava há vários anos.

O artista, com 97 anos, tinha sido hospitalizado em Lisboa e foi encaminhado para a unidade de cuidados continuados do Hospital Nossa Senhora da Arrábida, em Brejos de Azeitão, onde acabou de morrer ao final da tarde desta quinta-feira. O velório é esta sexta-feira, a partir das 18h30, na igreja de Pinhal de Frades, na zona de Fernão Ferro, no Seixal, e o funeral é este sábado, às 14h30, no cemitério de Arrentela.

Era o último elemento fundador do conjunto português, pioneiro na gravação de temas da música popular alentejana, mas com um repertório diverso, da canção popular portuguesa à de países de língua portuguesa, passando também por músicas populares cantadas em castelhano, nomeadamente boleros e rancheiras. A participação regular na televisão tornou o Trio Odemira um dos grupos mais reconhecidos no meio da canção popular portuguesa. Eram também presença regular em festas populares por todo o país e junto das comunidades migrantes.

[Já saiu o terceiro episódio de “Um Rei na Boca do Inferno”, o novo podcast Plus do Observador que conta a história de como os nazis tinham um plano para raptar em Portugal, em julho de 1940, o rei inglês que abdicou do trono por amor. Pode ouvir aqui, no Observador, e também na Apple Podcasts, no Spotify e no YouTube. Também pode ouvir aqui o primeiro e o segundo episódio]

O Trio Odemira surgiu em 1958, quando os irmãos Júlio e Carlos, nascidos em Lisboa, mas que foram ainda novos para Odemira, venceram um concurso de novos talentos promovido pelo programa radiofónico Companheiros da Alegria. Começaram por ser um duo, mas rapidamente se afirmaram como Trio Odemira com a entrada de José Ribeiro, que tocava cavaquinho, e que esteve 22 anos na banda — ao longo do seu percurso, o Trio Odemira contou com diferentes músicos na sua composição, além dos irmãos (que morreram em 2021).

O primeiro álbum do Trio Odemira foi gravado pela Valentim de Carvalho para a Columbia. O disco, editado em 1958, incluia o single Rio Mira, que se tornou um grande sucesso. Seguiram-se temas como Ama, coração e vida, de Pedro Flor, Malagueña, de Ernesto Lecoua, ou Anel de Noivado.

Segundo a Enciclopédia da Música em Portugal no Século XX (Temas e Debates), a banda foi a primeira a gravar em disco temas populares alentejanos, à exceção dos grupos corais. De acordo com a mesma enciclopédia, o repertório do trio inclui várias canções espanholas e sul-americanas, algumas gravadas em português, temas tradicionais da Beira Baixa e do Alentejo, e versões de canções gravadas por Tony de Matos ou Amália Rodrigues.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR