Os profissionais de saúde indianos garantem que vão intensificar os protestos, na sequência da violação e do assassínio de uma médica na semana passada num hospital de Calcutá (leste), um caso que chocou o país.

“Estamos a intensificar os nossos protestos (…) para exigir justiça para a nossa colega”, disse Suvrankar Datta, clínico e investigador de radiologia no hospital público All India Institutes of Medical Sciences, em Nova Deli.

O corpo da médica, de 31 anos, foi encontrado com múltiplos ferimentos na sexta-feira passada, no hospital público de Calcutá onde trabalhava. A autópsia confirmou a violação e o homicídio, tendo a polícia detido um homem acusado de ajudar as pessoas a passar pelas filas de espera dos hospitais.

Na segunda-feira, os médicos dos hospitais públicos de vários estados indianos suspenderam os tratamentos não urgentes por “um período indefinido”, exigindo maior segurança no local de trabalho.

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“A greve vai continuar até que todas as exigências sejam oficialmente satisfeitas”, declarou Dhruv Chauhan, da Rede de Jovens Médicos da Associação Médica Indiana, à agência de notícias indiana Press Trust of India, na quinta-feira.

Milhares de pessoas, principalmente mulheres, manifestaram-se em Calcutá na manhã de quinta-feira para denunciar este crime e exigir justiça.

A violência sexual contra as mulheres é generalizada na Índia, com uma média de quase 90 violações por dia registadas em 2022 no país, com 1,4 mil milhões de habitantes.

Em 2021, a violação e o homicídio de uma jovem num autocarro de Nova Deli desencadearam grandes protestos, por vezes violentos, e a pressão da opinião pública levou o governo introduziu penas mais severas para os violadores e até a pena de morte para os reincidentes.

Foram também introduzidos vários novos crimes sexuais, incluindo o assédio, e penas de prisão para os funcionários que não registem queixas de violação.

Também na quinta-feira, o primeiro-ministro, Narendra Modi, pediu que os “comportamentos monstruosos contra as mulheres” sejam “severa e rapidamente punidos”.

Os profissionais de saúde do país apelam também à aplicação da Lei Central de Proteção, um projeto de lei destinado a proteger os profissionais de saúde da violência.

Na terça-feira, o Tribunal Superior de Calcutá transferiu a agência de investigação federal para “inspirar a confiança do público”.