Com a época de caça a começar esta quarta-feira, na Suécia, as licenças emitidas apontam para a morte de 20% da população de ursos pardos. Este ano foram emitidas pouco menos de 500 licenças de caça, o que está a preocupar os ativistas.

Além de 486 licenças para a caça do urso pardo, outros 50 a 100 ursos poderão vir a ser mortos na chamada “caça protetora” — quando está em causa a segurança de seres humanos — explica a entidade de defesa de carnívoros “Cinco Grandes da Suécia”, que considera que o número de licenças “é uma pura caça de troféus”.

O urso é uma “espécie estritamente protegida” na União Europeia (UE), o que para esta organização não permite sequer caçar para regular a população. Cita o artigo 12.º da Diretiva Habitats que diz que “a caça ou abate deliberado de espécies estritamente protegidas é proibido”, e por isso acusa a Suécia de infração à lei.

Na década de 1920 os ursos pardos foram caçados quase até à extinção, mas a população foi recuperada e em 2008 atingiu o seu pico — 3.300 animais. Desde então estima-se que tenham sido mortos cerca de 850 animais, o que levou a que a população passasse para 2.450 ursos em 2023, de acordo com números oficiais.

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Em novembro de 2022, uma nova lei deu às associações de caça mais poder para supervisionar a gestão de grandes predadores, incluindo os ursos. Magnus Rydholm, diretor de comunicações da Associação Sueca de Caça e Gestão da Vida Selvagem, diz, citado pelo The Guardian, que a associação está a seguir a diretriz da vida selvagem do governo sueco e que “é tudo para manter o equilíbrio entre humanos e grandes predadores”.

“Não podemos, de forma alguma, continuar a abater tantos ursos se quisermos ter uma população de ursos estável, à volta dos 2.400 que temos atualmente”, afirma Jonas Kindberg, líder do projeto de investigação do Urso Escandinavo, dirigido pela Universidade Sueca de Ciências Agrícolas (SLU) e pelo Instituto Norueguês de Investigação da Natureza, citado pelo Euronews.

“Existem várias maneiras de viver melhor lado a lado, com muito mais de 3.000 ursos na Suécia”, acrescenta Magnus Orrebrant, presidente da Associação Sueca de Carnívoros.

O número de ursos na Suécia tem vindo a diminuir e a cada cinco anos é feita uma estimativa de quantos existem sendo que do outono de 2022 para o outono de 2023, após a época de caça, houve uma diminuição de 350 animais e se o ritmo se mantiver — entre 300 e 500 ursos — no próximo ano o país ficará com uma população de referência mínima de 1.400.