Vários agentes do Serviço Secreto foram afastados de operações e colocados em serviços administrativos de forma remota, devido à falha de segurança que levou à tentativa de assassinato de Donald Trump, no mês passado. A informação foi avançada esta sexta-feira pela CNN, citando fontes da agência.
O grupo inclui quatro agentes do gabinete do Serviço Secreto de Pittsburgh e um outro agente da equipa pessoal do ex-Presidente e atual candidato republicano, detalhou a Fox News. O diretor interino da agência, Ronald Rowe, já tinha declarado no início do mês que não ia tomar medidas disciplinares definitivas até os relatórios sobre o ataque serem apresentados. Neste momento, há três investigações em curso: uma dentro do Serviço Secreto, uma no Congresso e uma independente, encomendada pelo Departamento de Segurança Nacional.
Estas investigações têm revelado detalhes sobre correu mal na preparação e durante o comício. Esta sexta-feira de manhã, a CNN revelou que as autoridades locais entregaram rádios ao Serviço Secreto, que nunca os utilizou, segundo várias fontes das investigações.
No dia 13 de julho, as autoridades locais utilizaram os aparelhos para avisar os atiradores do Serviço Secreto da presença de uma pessoa no telhado próximo do recinto, três minutos antes de ter sido disparado qualquer tiro. Contudo, os agentes nunca ouviram a mensagem e só dispararam o primeiro tiro de resposta 15 segundos depois de Thomas Crooks, período durante o qual o jovem conseguiu disparar oito tiros, matando uma pessoa e ferindo outra três, incluindo Donald Trump.
As inconsistências na cronologia dos diferentes agentes no recinto já tinha sido exposta durante audiências no Congresso, nomeadamente, à antiga diretora do Serviço Secreto, que acabou por apresentar a demissão.
A informação de que as autoridades locais tinham fornecidos rádios para as operações foi avançada num relatório do dia 12 de agosto, publicado pelo congressista Clay Higgins. O procurador distrital de Butler confirmou a entrega, declarando ainda que “é seguro assumir que, se o portador de um rádio estivesse atento, teria recebido a chamada”, numa crítica ao Serviço Secreto.
Para além da questão dos rádios, os problemas de informação estenderam-se a outras questões, notam as pessoas ouvidas pela CNN. Por um lado, apontam o fim dos exercícios de treino inter-agências, devido à pandemia, o que faz com que as diferentes equipas agissem de forma separada, em vez de trabalharem em conjunto.
Por outro lado, referem a existência de dois postos de comando, o que dissolve as comunicações entre mais pessoas, criando uma espécie de “telefone estragado”. “O que vejo continuamente acontecer é alguém dizer que designou um contacto, o que muitas vezes se transforma num ponto único de falha”, declarou uma fonte envolvida nas investigações. Para dar resposta a este problema, Rowe já decretou que eventos inter-agências devem ter apenas um posto de comando, informou outra fonte.
As falhas de comunicações têm vindo a ser expostas ao longo das últimas semanas. No início do mês, imagens das câmaras corporais, reveladas pelo mesmo canal, mostram dois agentes da polícia de Butler a criticar o trabalho do Serviço Secreto, momentos depois do ataque. “Eu disse-lhes que pusessem alguém aqui [no telhado]. Eu disse ao Serviço Secreto na terça-feira“, declara um primeiro agente, ao qual um colega responde que “nem estava preocupado”. “Achei que estivesse alguém no telhado”, acrescenta o segundo agente. “Quando falei com eles, disseram ‘não se preocupem, vamos pôr homens aqui‘”, critica o primeiro homem novamente.
Apesar das informações que têm vindo a público, a posição oficial do Serviço Secreto continua a ser aguardar pelas conclusões das investigações em curso. “O Serviço Secreto dos Estados Unidos exige que o nosso pessoal cumpra os mais elevados padrões profissionais e quaisquer violações identificadas e comprovadas da política serão investigadas pelo Gabinete de Responsabilidade Profissional para eventual ação disciplinar”, garantiu esta sexta-feira o diretor de comunicação da agência. Em conferência de imprensa, Anthony Guglielmi recusou comentar os relatos sobre a suspensão dos cinco agentes.