O Ministério da Saúde do Governo da Faixa de Gaza, controlado pelo movimento islamita palestiniano Hamas, confirmou que mais de 1,2 milhões de vacinas contra a poliomielite chegaram ao enclave.
Também no domingo, a Autoridade Palestiniana indicou que chegou a Gaza o primeiro lote de vacinas e que “se está a trabalhar para fornecer mais 365 mil doses nos próximos dias”.
A campanha irá administrar duas doses da vacina a 640 mil crianças até aos dez anos, acrescentou, num comunicado publicado na rede social Facebook.
A Autoridade disse estar “a trabalhar dia e noite para coordenar com os parceiros internacionais de saúde o lançamento da campanha nos próximos dias, para que não ponha em perigo a vida do pessoal de saúde”.
Neste sentido, reiterou o apelo à comunidade e às organizações internacionais para “aumentar a pressão sobre as autoridades de ocupação [Israel] para travar a agressão e facilitar a missão do pessoal de saúde” na Faixa de Gaza.
A confirmação surgiu depois da Coordenação de Atividades Governamentais nos Territórios (COGAT, na sigla em inglês), a autoridade militar israelita responsável pelos territórios palestinianos, ter anunciado que as vacinas tinham entrado na Faixa de Gaza através da passagem de Kerem Shalom em coordenação com a Organização Mundial de Saúde (OMS) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF).
“Nos próximos dias, equipas médicas internacionais e locais vão vacinar crianças contra a poliomielite que ainda não foram vacinadas em vários locais de Gaza”, anunciou a COGAT, que vai coordenar a campanha, liderada pela OMS e pela UNICEF, “no âmbito das pausas humanitárias de rotina que permitirão à população chegar aos centros médicos onde as vacinas serão administradas”.
As Nações Unidas tinham na sexta-feira apontado como objetivo enviar 1,6 milhões de doses de vacinas contra a poliomielite para a Faixa de Gaza.
“A campanha de vacinação não será viável por si só, tendo em conta a falta de saneamento, água potável, produtos de higiene pessoal e a disseminação de esgotos entre as tendas dos deslocados”, avisou na altura o Ministério da Saúde da Faixa de Gaza.
O caso de poliomielite detetado em 16 de agosto – o primeiro na Faixa de Gaza em 25 anos – já causou a paralisia do bebé de 10 meses, não vacinado, cuja vida corre perigo, informou o secretário-geral da Agência das Nações Unidas para os Refugiados Palestinianos.
Philippe Lazzarini apelou a uma pausa nos combates para poder realizar a campanha de vacinação em segurança.
Em 19 de julho, a OMS confirmou a descoberta do poliovírus em amostras ambientais que recolheu em Gaza, o que levantou receios de um surto no enclave.
Para além da poliomielite, existe uma elevada incidência de doenças infecciosas da pele, bem como de diarreia e um surto de mais de 40 mil casos de hepatite A, que se propagou especialmente em campos de deslocados sobrelotados.