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O comandante nacional da Proteção Civil, André Fernandes, explicou esta segunda-feira que não foi emitido um aviso de tsunami como consequência do sismo de magnitude 5,3 registado esta madrugada porque a magnitude do sismo não chegou ao nível 6 na escala de Richter.
“Só há aviso de tsunami a partir de 6,0 na escala de Richter“, explicou André Fernandes numa conferência de imprensa às primeiras horas da manhã. Como o sismo sentido em Portugal esta segunda-feira teve apenas 5,3 de magnitude, “não houve essa necessidade”.
O sismo desta segunda-feira teve magnitude 5,3 na escala de Richter. O epicentro situou-se ao largo de Sines, a cerca de 60 quilómetros da costa, e o foco do abalo situou-se a cerca de 25 quilómetros de profundidade, de acordo com dados do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).
Sismo de 5,3 sentido em várias cidades de norte a sul de Portugal
Os tsunamis ou maremotos são uma das consequências mais drásticas e conhecidas dos terramotos — mas nem todos os abalos sísmicos têm potencial para originar um tsunami.
A regra seguida pelas autoridades portuguesas (a de apenas emitir um aviso de tsunami para sismos com magnitudes iguais ou superiores a 6) está em linha com as normas seguidas noutros pontos do mundo.
A Administração Oceânica e Atmosférica Nacional (NOAA) dos Estados Unidos explica que “nem todos os terramotos causam tsunamis”. Existe um conjunto de características que determina a probabilidade de um sismo provocar um maremoto, incluindo a localização, a magnitude e a profundidade do foco.
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“A maioria dos tsunamis são provocados por terramotos com magnitudes superiores a 7 que ocorrem debaixo ou muito perto do oceano e a menos de 100 quilómetros da superfície terrestre (profundidade)“, diz o organismo, sublinhando que “terramotos mais profundos do que este têm pouca probabilidade de deslocar o fundo do mar”.
“Genericamente, um terramoto tem de ultrapassar a magnitude de 8 para provocar um tsunami distante e perigoso”, destaca ainda o organismo, que dá o grande terramoto de 1755 em Lisboa como um dos exemplos históricos mais célebres: estima-se que o sismo tenha tido uma magnitude de 8,5 e provocado um tsunami que afetou Portugal, Espanha, o norte de África e as Caraíbas. No total, terão morrido cerca de 50 mil pessoas na sequência do sismo.
Por isso, o Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS) tem a seguinte escala para a probabilidade de um sismo provocar um tsunami: abaixo de 6,5 de magnitude, é “muito improvável” que um sismo provoque um tsunami; entre 6,5 e 7,5, não é habitual que ocorram “tsunamis destrutivos”, mas podem registar-se alterações do nível do mar; entre 7,6 e 7,8, já existe a possibilidade de “tsunamis destrutivos“, mas especialmente perto do epicentro; a partir de 7,9, não só existe a possibilidade de um tsunami como podem registar-se alterações do nível do mar a uma distância muito alargada.
No caso português, compete ao IPMA emitir o primeiro alerta para a probabilidade de um tsunami, cabendo à Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil a difusão do aviso de tsunami. Em Lisboa, um dos pontos mais críticos do país para o risco de tsunami, existe um sistema de alerta implementado, com altifalantes e percursos de evacuação sinalizados na frente ribeirinha do rio Tejo.
Lisboa implementa sistema de aviso de tsunami com duas sirenes na faixa ribeirinha