Sete contra sete, no final ganha o Barcelona. A história da Supertaça Ibérica, prova que nasceu em 2022 em parceria entre as Federações de Portugal e Espanha, dificilmente poderia ser mais monótona. Nas meias, as vitória caíam sempre para os campeões dos dois países; na decisão, a vantagem podia ser maior ou menor mas a festa pertencia sempre aos catalães. Esta edição, em Torrevalega, começou por confirmar a primeira premissa, com o Sporting a conseguir vergar a equipa da “casa” no desempate por livres de sete metros após uma partida onde esteve quase sempre em desvantagem no marcador (27-27, 3-0) e o Barcelona a conseguir ter mais um triunfo com clara superioridade desta vez com o FC Porto (39-31). Em condições normais, esta final não seria diferente da norma na competição mas deixava um “teste” interessante aos leões.

“Foi um jogo difícil, à imagem do que esperávamos. Curiosamente entrámos muito bem no jogo, obrigámos o adversário a parar o jogo mas depois perdemos a nossa intensidade. Parabéns também ao Torrelavega e ao seu guarda-redes, que fez quase 20 defesas. Depois, retificámos a nossa defesa e no final tivemos a sorte ou a competência de o Ali parar o livre de sete metros e de estar muito forte outra vez no desempate. Foi um jogo sofrido, vale pela passagem à final. Não atirámos a toalha ao chão e acreditámos que podíamos lá chegar. Destaco o nosso carácter, mesmo com as coisas a não correrem bem”, destacara Ricardo Costa sobre o triunfo na meia-final que foi garantido por ação do guarda-redes egípcio Mohamed Ali.

Aí, o técnico verde e branco não sabia quem teria pela frente na decisão mas todos anteviam que fosse o Barcelona. Foi mesmo. E o desafio passava por conseguir pelo menos manter um nível de competitividade semelhante ao que foi atingido nas últimas duas meias-finais da Supertaça Ibérica, com uma derrota por 37-34 em 2022 e outra por 37-32 em 2023. No entanto, este encontro acabaria por ser diferente, com tudo a caminho de ser resolvido em dez minutos e totalmente “sentenciado” com apenas 30 minutos.

O Sporting ainda tentou fazer um jogo que fosse capaz de manter o encontro em aberto mas cedo se percebeu que seria uma tarefa impossível de contornar – ficando também como “lição” para aquilo que é jogar frente a equipas de nível Champions, como irá acontecer ao longo da época em termos europeus. Por um lado, Emil Nielsen estava a revelar-se um autêntico muro na baliza até em situações de 1×0 aos seis e aos nove metros; por outro, e no plano ofensivo, Dika Mem e companhia encontravam sempre espaço para visarem a baliza verde e branca entre algumas defesas de Mohamed Aly. De forma natural, Ricardo Costa parou a partida logo aos dez minutos, com os catalães em vantagem por 9-4, mas o filme não se alterou nem com nova paragem com 17-9. O intervalo chegou com uma diferença de nove golos (24-15) e a certeza de que, sendo realidades incomparáveis, os leões teriam de fazer muito mais para deixarem uma imagem diferente.

O Barcelona até pode ser uma das melhores equipas do mundo mas a temporada de 2024/25, além de trazer o desafio de lutar por todas as provas nacionais (numa defesa de títulos que começou com a conquista da Supertaça frente ao Benfica), terá uma participação na fase de grupos da Liga dos Campeões frente a equipas como PSG, Veszprem, Fusche Berlim ou Wisla Plock. Era também com isso no pensamento que o Sporting entrava no segundo tempo, testando-se a si mesmo sem a “pressão” de um resultado que estava há muito decidido para dar passos que permitissem outra capacidade de discussão com adversários mais fortes. Houve melhorias, traduzidas no imediato pela redução da desvantagem para seis golos (25-19), em termos gerais as transições do Barcelona deixaram de causar tanta mossa e a final terminou com 38-33 tendo um conjunto verde e branco a deixar uma imagem quase oposta e mais próxima do que é capaz de fazer.

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