A Casa Branca acusou esta quarta-feira o Presidente russo, Vladimir Putin, de estar ao corrente da tentativa de interferência de Moscovo nas eleições presidenciais norte-americanas.

“Ele estava ciente das atividades da RT”, um meio de comunicação russo cujos funcionários estão a ser acusados pela justiça norte-americana por tentativa de interferência eleitoral, disse John Kirby, porta-voz de Conselho de Segurança Nacional da presidência.

A justiça norte-americana acusou dois gestores do canal televisivo russo RT (Rússia Today) e apreendeu 32 domínios na Internet com ligação ao governo da Rússia, por tentativa de influenciar as eleições presidenciais de novembro, anunciou hoje o executivo de Washington.

As medidas, segundo foi esta quarta-feira anunciado, representam um esforço para travar uma ameaça persistente da Rússia que as autoridades norte-americanas há muito alertam que tem o potencial de semear a discórdia e criar confusão entre os eleitores.

Washington disse que a Rússia continua a ser a principal ameaça às eleições, mesmo enquanto o FBI investiga um ‘hacking’ da campanha do republicano Donald Trump pelo Irão e uma tentativa de violação da campanha dos democratas.

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O processo criminal acusa dois elementos da RT, uma entidade de comunicação social financiada pelo Estado russo suspeita de financiar secretamente uma empresa de criação de conteúdos sediada no Tennessee para publicar quase 2.000 vídeos de propaganda russa.

Os arguidos, que continuam ausentes, usaram identidades falsas e a empresa não sabia que estavam a ser usadas pela Rússia.

Além deste processo, “o Departamento de Justiça apreendeu 32 nomes de domínio da Internet usados pelo Governo russo e por intervenientes patrocinados pelo Estado russo para se envolverem numa campanha clandestina para interferir nas eleições e influenciar os resultados”, afirmou o secretário da tutela, Merrick Garland, em conferência de imprensa.

Garland indicou que as ações estão relacionadas com o uso dos meios de comunicação estatais pela Rússia para recrutar influenciadores norte-americanos involuntários para espalhar propaganda e desinformação.

“O anúncio de hoje (quarta-feira) destaca até que ponto alguns governos estrangeiros estão a minar as instituições democráticas americanas”, segundo o Departamento de Estado, acrescentando: “Mas estes governos estrangeiros também devem saber que não toleraremos que intervenientes estrangeiros malignos interfiram intencionalmente e prejudiquem eleições livres e justas”.

Por seu lado, o Departamento do Tesouro sancionou esta quarta-feira duas entidades russas e dez pessoas, várias delas jornalistas e diretores do canal RT.

As sanções são dirigidas a vários trabalhadores da cadeia RT, incluindo a sua editora-chefe, Margarita Simonian, e duas organizações acusadas de realizar campanhas de desinformação, por tentarem influenciar estas presidenciais previstas para novembro de 2024.

O Departamento do Tesouro acusou a RT de recrutar “discretamente” e sem o seu conhecimento “influenciadores” norte-americanos para realizarem as suas ações durante a campanha eleitoral, com vista a interferir nos resultados eleitorais.

“Os intervenientes patrocinados pelo Estado russo utilizam há muito tempo uma variedade de ferramentas, como a inteligência artificial e a desinformação, para minar a confiança nos processos e instituições eleitorais dos Estados Unidos”, afirmou o Gabinete de Controlo de Ativos Estrangeiros (OFAC) do Tesouro.

Entre as dez pessoas nomeadas está Simonian, colocada como uma “figura central nos esforços do Governo russo para influenciar de forma espúria” as eleições e responsável por permitir as operações da empresa de fachada que a RT usou para tentar influenciar os eleitores nos Estados Unidos.

São também sancionados os editores-chefes adjuntos Elizaveta Brodskaia e Anton Anisimov, entre outros.

As empresas designadas são a ANO Dialog e a sua subsidiária ANO Dialog Regions, bem como o seu diretor Vladimir Tabak, acusados de campanhas de desinformação e manipulação.

As pessoas e entidades abrangidas passam a ter todas as suas propriedades, interesses ou participações, independentemente do seu grau, bloqueadas em território norte-americano e da mesma forma qualquer entidade ou empresa financeira está proibida de qualquer tipo de atividade ou transação com as mesmas.