O Papa observou esta quinta-feira em Jacarta, juntamente com o grande imã da mesquita Istiqlal, Nasaruddin Umar, o túnel que liga a mesquita à catedral de Nossa Senhora da Assunção e considerado por Francisco “um lugar de diálogo”.

Papa Francisco já chegou à Indonésia, país com mais muçulmanos do mundo

“Se pensarmos num túnel, facilmente imaginamos um percurso escuro que pode meter medo, especialmente se estivermos sozinhos. Aqui, porém, é diferente, porque tudo está iluminado. Mas a luz que o ilumina sois vós, com a vossa amizade, com a harmonia que cultivais, com o vosso apoio recíproco e com o vosso caminho juntos que vos conduz, no fim da estrada, à plena luz”, disse Francisco diante da porta da passagem para o chamado “túnel da amizade”.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

O túnel, que vai ser inaugurado no outono e era uma simples passagem subterrânea, foi uma ideia do Presidente cessante indonésio, Joko Widodo. No coração da capital indonésia, em plena praça da Independência, este túnel pretende simbolizar “a visão de coexistência enraizada” na Indonésia.

“Nós, os crentes, que pertencemos a diferentes tradições religiosas, temos um papel a desempenhar: ajudar toda a gente a atravessar o túnel com os olhos virados para a luz. Assim, no final da viagem, naqueles que caminham ao nosso lado, podemos reconhecer um irmão, uma irmã, com quem podemos partilhar a vida e apoiar-nos mutuamente”, acrescentou o Papa durante a cerimónia, no último dia da visita ao país, antes de seguir para a Papua Nova Guiné.

Notou ainda que “aos numerosos sinais de ameaça, aos tempos sombrios, contrapõe-se o sinal da fraternidade que, acolhendo o outro e respeitando a sua identidade, o impele a um caminho comum, feito entre amigos, e que conduz à luz”.

“Gostaria que as nossas comunidades fossem cada vez mais abertas ao diálogo inter-religioso e fossem um símbolo da coexistência pacífica que caracteriza a Indonésia”, acrescentou.

Papa quer reforçar diálogo inter-religioso para combater extremismo

Da mesma forma, Francisco abençoou “todos aqueles que vão passar por este túnel num espírito de amizade, harmonia e fraternidade”.

No mesmo encontro, em frente à mesquita Istiqlal, o Papa e o grande imã assinaram um documento conjunto a pedir ação contra a “instrumentalização religiosa dos conflitos” e contra o aquecimento global.

Na “Declaração de Istiqlal”, os dois líderes religiosos expressaram preocupação com “a desumanização” ligada à “generalização dos conflitos e da violência” e apelaram para uma “ação decisiva na preservação da integridade do ambiente natural e dos recursos”.