O PS tem estado a atirar a questão autárquicas para depois da reorganização interna, com eleições nas federações do partido no horizonte. Mas os nomes circulam e a manifestação de disponibilidades também, como foi o caso desta semana de António Mendonça Mendes. O antigo governante admitiu-o em entrevista ao Observador, no programa Vichyssoise, apontando interesse a concelhos da Área Metropolitana de Lisboa. Mas o nome “não está na cabeça” do candidato único à federação do partido em Lisboa, Ricardo Leão.
Ao Observador, o autarca diz que o nome não só não está na sua cabeça, como também não está nas “das estruturas do partido” no distrito. “Acho muito difícil“, responde quando questionado diretamente sobre a possibilidade de o antigo secretário de Estado Adjunto do primeiro-ministro ser o escolhido para se candidatar em Sintra, uma das possibilidades referidas no PS. Sobre a hipótese Mendonça Mendes, Leão remata: “A margem Sul tem muitas câmaras disponíveis”. António Mendonça Mendes fez parte dos últimos governos e foi também presidente do PS-Setúbal. Atualmente, é deputado e um dos membros da direção do PS.
“Haverá decisões sobre autárquicas nos próximos meses, tenho muito gosto pelas questões autárquicas na área metropolitana de Lisboa, não necessariamente no concelho que Luís Marques Mendes indicou [Cascais]”, assumiu o ex-governante socialista no programa Vicchyssoise esta quinta-feira quando confrontado com o que o comentador social-democrata tinha dito na SIC, em julho, sobre o seu nome e Cascais. Mas o deputado socialista e membro da direção do partido não quis acrescentar que outro concelho tinha em mente, entre os vários que fazem parte da AML.
Cascais já está “fechado”, diz Ricardo Leão que aponta como candidato Marcos Perestrello, confirmando a notícia avançada pela Renascença no início de agosto sobre um dos municípios do país onde PS vê uma oportunidade, já que Carlos Carreiras (PSD) está no último mandato.
Em Sintra o problema é o mesmo, mas o PS tem mais a perder, já que lidera a autarquia desde 2013 e Basílio Horta chega agora ao limite de mandatos, pelo que o importante município está no topo da lista de preocupações para os socialistas. O candidato à federação garante ter “muitos bons nomes” para apresentar, mas reserva essa conversa para outubro, altura em que a Federação da Área Urbana de Lisboa fará o seu congresso e encerrará o capítulo da reorganização interna.
De acordo com os estatutos do PS, “as designações do primeiro candidato a cada Assembleia de Freguesia bem como do candidato à Presidência de Câmara Municipal são ratificadas, respetivamente, pela Comissão Política Concelhia e pela Comissão Política da Federação”.
No entanto, é também certo que, como alerta um dirigente do partido, “nenhuma grande Câmara/capital de distrito escolhe um candidato sem articular com o secretário-geral”, tendo Pedro Nuno Santos uma palavra a dizer. Até porque, no fim de todas as contas, — e os estatutos também o dizem — “os processos de designação dos candidatos a titulares de cargos políticos ocorrem de acordo com os critérios e as metodologias estabelecidos em orientação aprovada pela Comissão Nacional”. Os líderes tentam sempre um equilíbrio entre a sua vontade e a das estruturas locais, até para não entrarem em choque.
Na Área Metropolitana de Lisboa, o PS está ainda atento a Mafra, de onde saiu Hélder Sousa Silva para assumir o cargo de eurodeputado (na Câmara atingia agora a limitação de mandatos) e, claro, Lisboa, onde os nomes que continuam a ser falados são os já conhecidos: Mariana Vieira da Silva e Alexandra Leitão.
Na última semana, a líder parlamentar foi questionada na Academia Socialista, que decorreu e Tomar, sobre esta vontade. A resposta foi que está “de corpo e alma como líder parlamentar, sem prejuízo de nunca ter escondido que acho interessante o trabalho que se faz nas autarquias. Mas, neste momento, estou neste lugar e com gosto”.
No Porto, a última semana acrescentou um nome à lista de eventuais candidatos, depois do Jornal de Notícias ter avançado com Fernando Araújo. O ex-CEO do SNS poderia ser uma saída para evitar novo choque entre José Luís Carneiro (que o Observador já noticiou estar disponível para ser testado como candidato à Câmara) e Manuel Pizarro (que também já assumiu disponibilidade).
“O PS não tem nenhum receio de ir a eleições. Seja em que altura for”