O ministro dos Negócios Estrangeiros do Reino Unido, David Lammy, deixou uma invulgar promessa às autoridades ucranianas. “O compromisso britânico com a Ucrânia não é apenas para este inverno. Estamos a falar sobre uma parceria para os próximos cem anos”, afirmou o chefe da diplomacia, que visitou Kiev esta quarta-feira ao lado do seu homólogo norte-americano, Antony Blinken.

Ora, esta quarta-feira, segundo apurou o jornal The Guardian, o governo britânico deu provas dessas parceria para os próximos cem anos. O Reino Unido vai levantar as restrições e vai permitir que a Ucrânia use os mísseis de longo alcance Storm Shadow, que podem atingir alvos a 550 quilómetros, para atacar alvos dentro da Rússia.

A decisão foi tomada nos últimos dias, mas não será oficialmente confirmada pelo governo do Reino Unido. Isto porque o executivo liderado pelo trabalhista Keir Starmer considera que, se divulgasse publicamente, isso poderia ser interpretado como uma provocação para a Rússia. Além disso, segundo o Guardian, pode ainda haver algumas restrições no uso dos Storm Shadow para levar a cabo ataques dentro da Rússia.

Ora, em resposta a estas notícias, o antigo Presidente da Rússia e atual vice-presidente do Conselho de Segurança, Dmytry Medvedev, atacou diretamente, na sua conta pessoal do X (antigo Twitter), o Reino Unido. O aliado de Vladimir Putin comentou o apoio do Reino Unido à Ucrânia “nos próximos cem anos” e disse ser uma “mentira”.

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“A chamada Ucrânia não vai durar um quarto de século”, atirou Dmytry Medvedev. Além disso, o antigo Presidente russo preconizou que “provavelmente” a “ilha da Grã-Bretanha” vai “afundar nos próximos anos”. “Os nossos mísseis hipersónicos vão ajudar se necessário”, ameaçou ainda o vice-presidente do Conselho de Segurança.

Se o Reino Unido já tomou uma decisão, os Estados Unidos continuam com várias dúvidas. Esta terça-feira, o secretário de Estado, Antony Blinken, adiantou que Washington tem “adaptado e ajustado a cada passo” no auxílio à Ucrânia e sugeriu que a Casa Branca poderia levantar as restrições, de modo a que as tropas ucranianas usem armas norte-americanas para atacar alvos dentro da Rússia.

Segundo escreve a Bloomberg, os Estados Unidos vão pedir ao Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, que revele a sua estratégia por trás da necessidade de armas de longo alcance norte-americanas para atacar alvos dentro da Rússia. Só depois dessas explicações é que a Casa Branca pondera dar luz verde aos incessantes pedidos de Kiev.

Na visita a Kiev esta quarta-feira, Antony Blinken, segundo a Bloomberg, tentou compreender qual é o plano a longo prazo de Volodymyr Zelensky para a guerra, incluindo a questão das armas de longe alcance. Ainda assim, segundo o mesmo jornal, nenhuma decisão será tomada esta semana. Certo é que Joe Biden e Keir Starmer vão discutir a questão no encontro que vão ter em Washington esta sexta-feira.

Ainda segundo David Lammy, algo que terá mudado a opinião do Reino Unido relativamente ao uso de armas de longo alcance pela Ucrânia prende-se com o facto de o Irão ter enviado mísseis balísticos de curto alcance para a Rússia. De acordo com o ministro britânico, isso “muda o debate” — e obriga o Ocidente a aumentar o apoio a Kiev.