A presidente da Comissão Europeia deverá apresentar na terça-feira, à margem da sessão do Parlamento Europeu em Estrasburgo, a composição e distribuição das pastas do próximo executivo, enquanto o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, vai discursar perante os eurodeputados.

A apresentação da equipa de Ursula von der Leyen para os próximos cinco anos, que incluiu a antiga ministra das Finanças Maria Luís Albuquerque, estava prevista para esta semana, mas um recuo da Eslovénia de última hora obrigou a adiá-la. Liubliana tinha apresentado Tomaz Vesel, mas há uma semana decidiu retirar-se e a Eslovénia avançou com o nome de Marta Kos, embaixadora de carreira e antiga ‘número dois’ do Partido da Liberdade, que está no Governo.

O parlamento esloveno ainda tem de se pronunciar sobre a nomeação de Marta Kos, que estava prevista para esta sexta-feira, mas ao início da tarde de hoje, a comissão de Assuntos da União Europeia do parlamento esloveno anunciou que não ia deliberar hoje sobre o nome de Marta Kos. A oposição alegou falta de documentação necessária para a decisão.

Questionado, um porta-voz da Comissão Europeia disse que “falta muito até terça-feira”. “A intenção da presidente é, de facto, apresentar na conferência de presidentes [dos grupos políticos no PE] o colégio [de comissários]”, disse Eric Mamer, porta-voz do executivo comunitário.

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Ursula von der Leyen ainda planeia deslocar-se a Estrasburgo, mas tem apenas segunda-feira para a aprovação da candidata nomeada pela Eslovénia pelo parlamento daquele Estado-membro.

A entrada em funções da próxima Comissão Europeia depende do aval dos eurodeputados.

Fontes europeias ouvidas pela Lusa indicaram que, para segunda-feira, está marcada uma reunião dos embaixadores dos Estados-membros junto da UE para fechar a lista de propostas sobre a nova equipa de Von der Leyen, que será então conhecida no dia seguinte. A ideia será, como preveem os tratados da UE, adotar nessa ocasião uma lista com os nomes propostos para novos membros do executivo comunitário, com base das nomeações de cada país.

Os tratados europeus ditam que a Comissão Europeia é composta por um colégio de comissários, com um membro de cada um dos Estados-membros e com uma pasta que lhe é atribuída pela presidente.

Na sessão do Parlamento Europeu desta semana está prevista a intervenção do primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, no âmbito da presidência húngara do Conselho da União Europeia, que começou em julho e vai até ao final do ano. É habitual os primeiros-ministros discursarem no hemiciclo no âmbito das presidências rotativas e Orbán ainda não o tinha feito.

No entanto, o arranque atribulado da presidência húngara e as críticas que ressoaram por todo o bloco comunitário podem ganhar eco nesta sessão plenária.  Logo na primeira semana da presidência húngara, Viktor Orbán viajou até Moscovo para encontrar-se com o Presidente russo, Vladimir Putin – um tradicional aliado seu. Foi o primeiro e até hoje único líder de um país da União a reunir-se com Putin desde o início da invasão de 2022 ao território ucraniano.

Orbán alegou que foi discutir propostas para acabar com o conflito na Ucrânia, mas não avisou Bruxelas, obrigando a União Europeia a pronunciar-se, dizendo que Orbán não carregava qualquer peso institucional em nome dos 27. Conhecidas são também as posições do Governo húngaro em relação ao apoio prestado à Ucrânia desde 24 de fevereiro de 2022, bloqueando os pacotes de assistência macrofinanceira e alegou publicamente que a estratégia de Bruxelas tinha falhado.

Orbán, cujo partido, o Fidesz, está no poder há dez anos, também vai estar frente a frente com Péter Magyar, líder da oposição com o partido Respeito e Liberdade (também de direita) na Hungria e que, de acordo com as sondagens mais recentes, se aproxima do partido no Governo.

Ao longo da semana também serão discutidos pelos eurodeputados em Estrasburgo a guerra na Ucrânia e o apoio prestado pela União, o conflito no Médio Oriente, especificamente a invasão israelita à Faixa de Gaza, território palestiniano, a apresentação do relatório do antigo primeiro-ministro italiano Mario Draghi, e a situação da seca extrema em países do bloco político-económico.