O Presidente norte-americano, Joe Biden, revelou esta quarta-feira que está tranquilo com a sua decisão de ter desistido da corrida à Casa Branca e entregue a liderança da candidatura democrata a Kamala Harris. Numa entrevista ao programa The View, do canal ABC, Biden deixou largos elogios à sua vice, mas insistiu que teria sido capaz de derrotar Donald Trump nas urnas.

“Estou em paz com a minha decisão. Quando concorri na última legislatura, disse que me via como um Presidente de transição. Mas o que aconteceu foi que estávamos a ter tanto sucesso a fazer coisas que as pessoas sentiam que não podiam ser feitas, que demorei mais tempo a passar o testemunho, do que teria [demorado] normalmente”, declarou o atual Presidente, justificando a sua relutância em desistir da corrida, logo após as primeiras críticas dentro do partido democrata.

Apesar de, eventualmente, ter mesmo cedido à pressão, Biden argumentou, esta quarta-feira, que “nunca acreditou plenamente que houvesse uma relutância esmagadora” entre os democratas e que, em último caso, não foram as críticas que levaram à sua desistência. “Eu estava confiante que podia derrotar Trump. Ele é um falhado”, criticou.

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Se, na direção do adversário republicano só deixou críticas, para Kamala Harris só houve elogios, começando por aquilo que têm em comum: “Uma visão otimista do futuro”. “Ela tem a energia, a inteligência, a garra, a resistência, e a coragem para fazer a coisa certa”, afirmou sobre a nova candidata democrata à presidência, revelando ainda que a aconselhou que o caminho para a vitória eleitoral e a Casa Branca estava em “ser ela mesma”.

Como vice-Presidente, não houve nada que ela não conseguisse fazer. Eu fui capaz de delegar-lhe responsabilidades em tudo, da política externa, à política doméstica”, elogiou novamente, destacando o seu currículo. As cinco apresentadoras do programa prestaram ainda homenagem ao currículo do próprio Presidente e ao legado que deixa enquanto Presidente.

Na política doméstica, lembraram o seu trabalho para preservar o Violente Against Women Act, a diversidade do seu executivo e o facto de ter nomeado a primeira mulher negra para o Supremo Tribunal de Justiça. No que toca à política externa, Biden interveio para notar que não concorda com as posições do primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, e insistir que apoia um cessar-fogo e a solução de dois Estados. Conduzindo inevitavelmente a conversa para a escalada de tensão no Médio Oriente, o Presidente norte-americano considerou que a região está num ponto de viragem e que “uma guerra total é possível“.

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Ainda sobre política externa, Biden voltou-se novamente para as críticas a Donald Trump. “Ele não tem nenhum valor social que o redima. Não acredita em democracia e falhou em compreender o valor de alianças globais“, declarou, numa referência às afirmações categóricas do adversário republicano de que as guerras “nunca teriam acontecido” se fosse Presidente.

Esta entrevista de Joe Biden, no programa matinal The View, foi a sua primeira desde a Convenção Nacional Democrata e o primeiro debate televisivo entre Harris e Trump. Para além disso, foi apenas a segunda vez que um Presidente apareceu num programa deste formato, mais informal, com uma ampla mesa de apresentadores — o primeiro tinha sido Barack Obama, também no The View.