A conversa após o regresso dos balneários ao intervalo entre o guarda-redes espanhol Rodrigo Corrales e o técnico Xavier Pascual acabava por ser quase um espelho de tudo o que estava a acontecer o Pavilhão João Rocha. O Veszprém, campeão húngaro que é um crónico candidato a chegar à Final Four da Champions e que esta temporada apostou num treinador com três triunfos europeus e cinco mundiais pelo Barcelona, estava a perder por seis golos frente a um Sporting que regressou esta época à competição após as presenças seguidas do FC Porto. Mais: em apenas 30 minutos, consentira 23 golos, número “anormal” nesta realidade. No entanto, os capítulos de uma noite histórica para o andebol português estavam ainda a ser escritos.

Depois do susto, a família Costa desenhou uma goleada para voltar a sorrir: Sporting vence Benfica no dérbi de andebol

“É um grande adversário, muito difícil, com grandes jogadores, um treinadorque ganhou várias vezes a Liga dos Campeões e que quer conquistar, pela primeira vez para o clube, um troféu para o qual investem milhões há anos. Têm esse objetivo e é legítimo, porque é uma das equipas candidatas a estar na Final Four. De entre o Veszprém e o Barcelona, na minha opinião, sairá o vencedor da Liga dos Campeões, se não houver lesões ou infortúnios em atletas importantes. Conhecemos as estrelas que o Veszprém tem mas acho que o mais importante é focarmo-nos em nós e no que conseguimos fazer bem. Respeitamos quem está do outro lado, sabemos da qualidade do adversário, mas acho que temos uma palavra a dizer”, tinha comentado Ricardo Costa, treinador campeão dos verde e brancos, no lançamento da partida desta quarta-feira.

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Apesar de defrontar uma equipa que na última ronda europeia “atropelou” o fortíssimo PSG por 13 golos na Hungria (41-28) e que somava por triunfos as partidas oficiais realizadas até ao momento, a equipa liderada por Ricardo Costa, que no passado domingo voltou a golear o Benfica por 16 golos de diferença como já tinha acontecido na Supertaça (38-22), teve uma primeira parte que roçou a perfeição apesar de ter começado a perder (1-0 e 2-1), mantendo a consistência e a intensidade em todos os momentos da partida para cavar um fosso cada vez maior que teve nos seis golos com que se atingiu o descanso o ponto mais alto (23-17).

No segundo tempo, quando se esperava uma reação natural da equipa húngara (com muitos adeptos em Lisboa, algo que não é comum nos jogos internacionais em Portugal), foi o Sporting que continuou a gerir como quis a partida com uma eficácia altíssima no ataque e um Kristensen ao melhor nível na baliza até a uma vantagem máxima de dez golos que acabou no final por refletir-se no resultado de 39-30 muito festejado pelo público que praticamente encheu o Pavilhão João Rocha para nova noite histórica frente a um adversário que chegou quatro vezes à final da principal prova europeia de clubes na última década. Francisco e Martim Costa, ambos com sete golos, foram os dois melhores marcadores seguidos por Thorkelsson (seis).

Com este triunfo, o terceiro noutros tantos encontros realizados na prova (antes ganhara ao Wisla Plock em casa por 34-29 e ao Fredericia na Dinamarca por 37-19), o Sporting isolou-se na liderança do grupo A da Liga dos Campeões, sendo o único conjunto ainda sem qualquer desaire a par do Dínamo de Bucareste, com um jogo a menos. Na próxima ronda, os leões defrontam na Macedónia o Eurofarm Pelister – só com derrotas até agora –, sendo que com o triunfo diante dos húngaros já se tornaram a primeira equipa portuguesa de sempre a começar esta fase de grupos no atual formato da Champions com três vitórias consecutivas (o FC Porto somou dois sucessos e uma derrota nas três rondas iniciais em três temporadas).