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No final de agosto, o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, anunciou que Kiev estava a desenhar “um plano de vitória”, para pôr fim à ofensiva russa na Ucrânia e estabelecer uma “paz justa e duradoura”. Esta quinta-feira à tarde, o chefe de Estado ucraniano irá apresentar formalmente o plano ao Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, numa reunião na Casa Branca, avançou a AFP.
Quase um mês depois de ter mencionado o plano pela primeira vez, Zelensky continua a recusar anunciar detalhes, mas prometeu torná-lo público depois desta reunião. Ainda assim, oficiais ucranianos, que trabalharam na sua elaboração, e oficiais ocidentais, que já tiveram acesso ao plano, adiantaram alguns detalhes.
1. Os objetivos
Zelensky é muito claro sobre os objetivos do plano de vitória: impor a paz à Rússia, nos termos da Ucrânia. Para tal, precisa da colaboração dos Aliados e não de Moscovo. “O plano detalha o que os nossos parceiros podem fazer sem a participação da Rússia. Se a diplomacia é o desejo de ambas as partes, então, antes da diplomacia ser eficaz, a implementação do nosso plano depende apenas de nós e dos nossos parceiros “, explicou o Presidente numa entrevista à revista norte-americana New Yorker.
Uma fonte do gabinete de Zelensky sublinhou a intenção ucraniana de forçar o Kremlin a alinhar com a sua formulação de paz para a região: “tem como objetivo criar condições e uma atmosfera que a Rússia não vai ser capaz de ignorar a Fórmula da Paz e a Conferência da Paz”, relatou ao Kyiv Independent. Mas como tenciona Kiev operacionalizar estes objetivos?
2. Os conteúdos
Um oficial do Departamento de Estado norte-americano, que já teve acesso ao documento, revelou ao Wall Street Journal que o plano está dividido em três dimensões: uma militar, uma política e diplomática e uma económica.
A primeira dimensão é que a está mais bem elaborada e com mais detalhes concretos, relataram oficiais europeus ao mesmo jornal. A dimensão militar foca-se principalmente em pedidos por mais tipos de armamento específico e no levantamento das restrições para a utilização de armas de longo alcance em território russo. Nenhum destes pedidos é novo, mas no plano são detalhadas listas de alvos em que estas armas seriam utilizadas, como armazéns de armas mais profundos no território russo.
Na dimensão política e militar destaca-se o pedido de adesão à NATO, que será feito no espaço de meses e não no espaço de anos, como era esperado, avançou o The Kyiv Independent, citando documentos a que teve acesso. A solicitação do convite foi confirmada pelo chefe do gabinete presidencial ucraniano, Andriy Yermak, durante um encontro do Conselho de Negócios Estrangeiros, em Nova Iorque, onde acrescentou que a vitória também passa por os países parceiros ignorarem as ameaças de Moscovo.
A dimensão que se sabe menos é a económica. Antes de partir para Nova Iorque, Zelensky disse apenas que o sucesso dependia de mais garantias dos seus aliados para os apoios financeiros. Um ponto que se sabe já que não vai estar no plano de vitória é a implementação de um cessar-fogo temporário, medida recusada inequivocamente pelo Presidente ucraniano durante o seu discurso diário da passada quarta-feira.
3. As primeiras reações
Volodymyr Zelensky tem repetido que o plano não é uma ficção e que se trata de um plano concreto e realizável. Na entrevista à New Yorker, admitiu que o plano é desenhado a pensar na aprovação de Joe Biden e depende, principalmente, dos Estados Unidos. Na semana passada, a embaixadora dos Estados Unidos na ONU, Linda Thomas-Greenfield, afirmou que já tinha visto o plano e que “podia funcionar”, definindo-o como uma base a partir da qual os Estados Unidos podem trabalhar.
Mas oficiais norte-americanos e europeus deixaram críticas. “Estou pouco impressionado, não há nada de novo ali”, afirmou um oficial dos Estados Unidos ao Wall Street Journal. Por sua vez, os europeus ouvidos, declararam que o plano era demasiado vago e pouco elaborado, acrescentado que a única parte com medidas concretas é a dimensão militar e os pedidos insistentes para armas e permissões. Mas face a estas críticas de oficiais norte-americanos, o que acontece ao plano de Zelensky se Biden o recusar esta quinta-feira?
O Presidente ucraniano responde: “É um pensamento horrível. Queria dizer que Biden não quer acabar esta guerra de uma forma que negue a vitória à Rússia.”, declarou na mesma entrevista. “E íamos acabar com uma guerra muito longa — uma situação impossível e esgotante que ia matar um número tremendo de pessoas. Posto isto, não posso culpar Biden por nada”, reconheceu Zelensky.