O Presidente da República evocou esta segunda-feira o histórico dirigente socialista Mário Soares, afirmando que é “urgente recordar” o seu legado, até porque considerou ver-se muita empatia entre reacionários e revolucionários e “moderados a não terem empatia nenhuma entre si”.
Num discurso para encerrar a apresentação do livro da coleção “Obras de Mário Soares”, A História Contada, de Maria João Avillez, Marcelo Rebelo de Sousa, lembrando o antigo Presidente da República com o “grau mais elevado de empatia”, sublinhou como as diferenças ideológicas “não têm nada a ver” com a empatia que se cria entre duas personalidades.
“Eu tenho visto muito reacionário ter empatia por revolucionários. Espantoso. E moderados não terem empatia nenhuma entre si. E isso acontece”, disse o chefe de Estado, embora sem especificar nomes, num momento que gerou gargalhada numa plateia onde se incluía o líder do PS, Pedro Nuno Santos.
O chefe de Estado considerou que é, atualmente, “urgente recordar o percurso que (Mário Soares) fez na luta pela liberdade, a democracia, a Europa, o Estado de Direito e adiante”, porque, disse, coloca-se atualmente um “problema estritamente político”, para lá dos problemas, de outros tempos, que eram “económicos ou sociais”.
Marcelo referia-se, por exemplo, à possibilidade de “ocorrer que seja eleito quem nós já conhecemos por aquilo que significou” nas eleições norte-americanas, referindo-se a Donald Trump e à possibilidade de haver uma “rutura nas posições que a União Europeia e os Estados Unidos têm tido” em matérias como a guerra da Ucrânia ou o conflito do Médio Oriente.
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Sobre a guerra na Ucrânia, Marcelo alertou que o “mais grave é que (esse conflito) pode significar verdadeiramente um vencedor geopolítico e esse vencedor geopolítico, por acaso, não tem estado no hemisfério em que a União Europeia se tem situado e outros países aliados têm situado”.
O Presidente da República alertou para a “fragilidade dos sistemas” democráticos europeus e norte-americanos, sublinhando a importância de cultivar os valores de Soares para Portugal e a Europa de forma “mais vasta”.
“A questão da democracia, do Estado de Direito, da liberdade, colocam-se em termos impensáveis para Mário Soares, na altura em que ele viveu uma determinada Europa e lutou por um determinado Portugal”, disse.