O secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, Nuno Sampaio, disse esta sexta-feira, em Bissau, que Portugal não se intromete na soberania dos países da CPLP, em reação à polémica entre dirigentes timorenses e guineenses.
O governante português encontra-se em Bissau para uma visita de dois dias e, questionado pelos jornalistas sobre o assunto, afirmou que “o Governo de Portugal, quer nas relações bilaterais com todos os países irmãos da lusofonia, quer no seio da CPLP [Comunidade de Países de Língua Portuguesa], pauta as suas relações por um enorme respeito por todos os países“.
“E no seio da CPLP é sempre um fator de estabilidade, um fator de consenso, portanto Portugal não entra em questões de soberania de cada um destes países”, acrescentou.
O secretário de Estado vincou que Portugal procura “trabalhar para que se possa atingir consensos no seio da Comunidade de Países de Língua Portuguesa” e para “trabalhar em conjunto para que esse espaço seja verdadeiramente importante para cada um dos Estados”.
O propósito é que “possam ter uma posição internacional relevante e que isso se possa traduzir em benefícios para o desenvolvimento e para o povo de cada um desses países”, salientou.
A polémica no seio da CPLP surgiu com as declarações do secretário executivo da organização, o timorense Zacarias da Costa, que expressou a preocupação da comunidade com os desenvolvimento políticos na Guiné-Bissau.
O país da África Ocidental assumirá a presidência da CPLP em 2025, com o mandato do Presidente da República, Umaro Sissoco Embaló, a terminar em fevereiro ainda sem eleições presidenciais marcadas.
A presidência da CPLP ocorrerá, também, no rescaldo de eleições legislativas marcadas para novembro, na sequência da dissolução do parlamento meio ano depois da maioria absoluta da coligação PAI-Terra Ranka, que foi substituída no Governo por um executivo de iniciativa presidencial.
Umaro Sissoco Embaló qualificou o secretário executivo da CPLP de “atrevido”, considerando que “não tem essa competência,” para se pronunciar sobre a Guiné-Bissau, e que “ele foi além das suas prorrogativas”.
O chefe de Estado guineense disse ainda que, se voltar a acontecer, “haverá consequências diretas”.
O ministro dos Negócios Estrangeiros da Guiné-Bissau, Carlos Pinto Pereira, também manifestou descontentamento com as declarações do secretário executivo da CPLP.
O responsável pela diplomacia guineense mostrou-se preocupado com as declarações que considerou “pouco abonatórias” para o país e lembrou que a CPLP tem um órgão político que é o Conselho de Ministros, presidido por São Tomé e Príncipe.