Laurent Vinatier, consultor de um organização não governamental (ONG) suíça de resolução de conflitos militares e cidadão francês, foi condenado esta segunda-feira a três anos de prisão pela justiça russa. Estava em prisão preventiva desde junho, quando foi detido pelas autoridades russas por, alegadamente, não se ter registado enquanto “agente estrangeiro” no país.

O tribunal russo decidiu “declarar o Sr. Vinatier culpado” e “condená-lo a uma pena de prisão de três anos”, anunciou a juíza Natalia Tcheprassova, após o julgamento no tribunal de Zamoskvoretsky em Moscovo. O investigador especialista em estudos pós-soviéticos estava empregado em solo russo pelo Centro de Diálogo Humanitário, uma ONG suíça que faz a mediação de conflitos fora dos circuitos diplomáticos oficiais quando foi detido pelas autoridades russas. Segundo o Le Monde, os advogados do cidadão francês já anunciaram a sua intenção de interpor recurso contra a decisão judicial.

Os investigadores russos alegaram que, além da violação do registo de agentes estrangeiros, Vinatier declarou-se culpado de obter ilegalmente informações sobre os militares, avança o The Kyiv Independent. O mesmo jornal nota a impossibilidade de verificar de forma independente a validade da alegada confissão de Vinatier, já que são conhecidos os métodos de extração violenta de confissões por parte da justiça russa.

Francês detido em Moscovo fica em prisão preventiva até 5 de agosto

O comité de investigação revelou, em junho, através do Telegram, que o indivíduo estava a “recolher propositadamente informações de atividades militares e técnico-militares da Federação da Rússia”. Para esse efeito, continua, o francês “visitou repetidamente o território da Rússia, incluindo a cidade de Moscovo, onde se reuniu com cidadãos russos”. Ora, argumenta este comité que investiga grandes crimes, “estas informações, quando obtidas por fontes estrangeiras, podem ser utilizadas contra a segurança do Estado”.

Em junho, o seu advogado defendeu que o Vinatier não sabia que tinha de se registar como “agente estrangeiro” e pediu que ficasse detido em sua casa, junto com a família, mas o juiz não aceitou e determinou quase dois meses de prisão, até 5 de agosto, quando se decidirá o seu processo.

Um vídeo publicado pelo Comité de Investigação Estatal da Rússia na plataforma Telegram mostra o momento em que agentes de segurança fardados detêm o especialista na esplanada de um café em Moscovo e o levam, sem resistência, para dentro de uma carrinha policial. Na nota que acompanha o vídeo não é  identificado o homem que, diz o comité, “durante vários anos”, não cumpriu de maneira intencional a “obrigação estabelecida” de apresentar documentos necessários para o registo de “agente estrangeiro”.

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