A Caixa Geral de Depósitos vai voltar a ter “resultados significativos” no ano em curso, mas no próximo ano serão lucros “inferiores”, num contexto de descida das taxas de juro, indicou nesta terça-feira Paulo Macedo, um dos banqueiros que participaram numa mesa-redonda promovida pela Associação Portuguesa de Bancos. O líder do banco público acrescenta que 2025 será um ano “difícil”, já se notando que há uma “menor procura por crédito”.

As declarações foram feitas numa conferência organizada pela Associação Portuguesa de Bancos (APB), comemorativa dos 40 anos da associação. Paulo Macedo disse que a menor procura de crédito, em parte, “é virtuosa”, porque está ligada à desalavancagem das empresas e das famílias: “temos um nível de endividamento ao nível da UE, quando sempre foi historicamente muitíssimo superior”.

Depois, as empresas têm aumentado a sua autonomia financeira. Continua a haver muitas empresas subcapitalizadas, esse problema não se resolveu, mas as empresas estão mais autónomas”.

A parte “menos virtuosa”, disse Paulo Macedo, é que precisávamos de mais investimento. “Os bancos financiam quando há bons projetos e é preciso que haja mais projetos”, afirmou o banqueiro, acrescentando que “o país tem necessidade de mais investimento público e privado”.

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“A banca está preparada para financiar e quer financiar”, rematou Paulo Macedo, presidente do banco que no ano passado fechou o ano com um lucro recorde de 1.291 milhões de euros.

No crédito à habitação, a banca tem dado o seu contributo, o financiamento à habitação subiu significativamente, mas é preciso que haja mais oferta. Os preços vão continuar a subir até que haja uma injeção de oferta.

Paulo Macedo diz que os bancos estão “disponíveis não só para financiar compras individuais de habitação mas, também, para financiar projetos de construção que serão essenciais”.

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Na mesma mesa-redonda, o líder do segundo maior banco em Portugal, o Millennium BCP, considerou que há um “equívoco” que é a ideia de que os lucros da banca foram conseguidos “à boleia da subida dos taxas de juro”. “A anormalidade foi as taxas de juro muito baixas ou negativas”, na década anterior, sustentou Miguel Maya.

A rendibilidade da banca vai continuar acima do custo do capital, uma rendibilidade adequada. Vamos assistir à compressão da margem [financeira] mas é possível compensá-la, por aumento dos volumes, acho que os bancos vão conseguir”, disse Miguel Maya.

“O que foi verdadeiramente importante foi o trabalho que os bancos fizeram na década anterior ao nível da eficiência operativa”, argumentou, repetindo que “não há resultados caídos do céu”: “em Portugal temos uma série de fardos pesados com camadas de regulação e contribuições específicas”.

“Estamos a falar de baixar o IRC e ainda não acabámos com as contribuições extraordinárias suportadas pelos bancos”, rematou.

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