As malas Birkin, da Hermès, são feitas à mão, chegam ao mercado em lotes limitados e custam milhares de dólares. O produto de luxo que ficou associado à atriz e cantora Jane Birkin é agora também sinónimo de uma ação em tribunal.

Esta segunda-feira, um grupo de clientes nos Estados Unidos apresentou alterações à queixa contra a Hermès, que foi inicialmente formalizada em março. O caso está a ser enquadrado como uma queixa no âmbito da Concorrência. De acordo com a Reuters, esta é mais uma das tentativas dos clientes para tentar convencer o relutante juiz de que a marca de luxo terá criado barreiras no acesso à mala Birkin.

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Os três clientes de São Francisco — Tina Cavalleri, Mark Glinoga e Mengyao Yang — alegam que a Hermès só permite aos clientes tentar entrar na lista de espera para a Birkin se comprarem outros produtos, como lenços e almofadas, para ter “histórico de compras suficiente”. No processo, consideram que essa prática, que envolve o gasto de milhares de dólares, é usada pela marca e pelos funcionários de vendas “quando sabem que muitas das pessoas que induzem a comprar produtos auxiliares não vão realmente ter uma mala Birkin”.

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Os clientes queixosos alegam também que não há substitutos no mercado para a mala Birkin. “A produção limitada da Birkin e a elevada procura contribuem para a sua posição dominante no mercado” do luxo, é possível ler na queixa. São também mencionadas as “altas barreiras para entrada e reconhecimento” por parte da marca, que “permite à empresa controlar preços”.

Ainda não há comentários da Hermès à versão revista do processo. Mas, até agora, a empresa nega qualquer tipo de comportamento que tenha vindo a criar limitações aos clientes. O próprio juiz que tem em mãos o processo, James Donato, considera que as queixas dos clientes são “rebuscadas” e que a empresa enfrenta elevada concorrência no mercado.

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Em setembro, quando o juiz James Donato, um ex-advogado da área da Concorrência, ouviu as primeiras alegações dos queixosos, mostrou relutância em ouvir o caso, lembra a Reuters. “A Hermès pode gerir o seu negócio como quiser. Se escolher fazer cinco malas Birkin por ano e cobrar um milhão por ela, pode fazê-lo”. “O facto de muitos dos seus clientes não conseguirem comprar uma mala Birkin não é um problema de concorrência da Hermès”, rematou.

Uma mala Hermès pode custar milhares de dólares, dependendo do tipo de material, edição e tamanho. No mercado de usados, continuam a valer vários milhares de dólares: a plataforma de luxo Farfetch tem à venda modelos já usados com preços entre os 16,7 mil e 49,8 mil euros.