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Mais de 276 mil libaneses e sírios que viviam no Líbano foram obrigados a abandonar o país devido aos ataques de Israel e a fugir para a Síria, informou esta quinta-feira o Conselho de Refugiados Norueguês (NRC).
“Milhares de famílias estão atualmente a atravessar a fronteira para a Síria e a lutar para encontrar um lugar para viver e para responder às necessidades básicas dos seus filhos”, disse a diretora do NRC para o Médio Oriente e Norte de África, Angelita Caredda, num comunicado esta quinta-feira divulgado pela organização de defesa dos direitos humanos.
“Estamos a enfrentar uma terceira crise humanitária na região em menos de 12 meses”, acrescentou a responsável, referindo-se à situação atual na zona do Médio Oriente, onde Israel trava também, desde outubro de 2023, uma guerra na Faixa de Gaza contra o grupo islamita palestiniano Hamas.
A Síria é cenário há 13 anos de uma guerra civil, sendo que, segundo estimativas das Nações Unidas relativas a 2023, cerca de 16,7 milhões de pessoas precisavam de ajuda humanitária naquele país.
Dada a situação dos milhares de pessoas procedentes do Líbano que estão a tentar refugiar-se na Síria, a maioria das quais são, de acordo com a ONU, mulheres e crianças, Angelita Caredda sublinhou que “esta é uma crise que faz parte de várias crises”.
“Não podemos continuar a ver a situação no Médio Oriente como uma série de conflitos isolados e crises de refugiados”, defendeu.
“O fracasso político corre o risco de desestabilizar uma região inteira e de condenar milhões de pessoas ao desastre. A diplomacia mundial tem de ultrapassar os clichés e as promessas não cumpridas”, concluiu.
Já no início deste mês, o Alto-Comissário da ONU para os Refugiados, Filippo Grandi, tinha lançado, a partir da Síria, um apelo de emergência de quase 300 milhões de euros para ajudar 250 mil pessoas que fugiram dos ataques israelitas no Líbano.
O apelo visava apoiar “durante seis meses, todos aqueles que fogem para a Síria, bem como as famílias que acolhem muitos deles”, anunciou na altura o Alto Comissariado da ONU para os Refugiados (ACNUR).
“O novo afluxo de pessoas ocorre numa altura em que milhões de sírios vivem em dificuldades e necessitam de assistência humanitária. Devemos aumentar o apoio aos recém-chegados e às comunidades anfitriãs vulneráveis que os recebem”, alertou Grandi.
Na mesma altura, as autoridades libanesas indicaram, por sua vez, que mais 403 mil pessoas já tinham atravessado a fronteira sírio-libanesa para escapar aos bombardeamentos israelitas no Líbano, na sua maioria cidadãos sírios.
ONU aumenta apoio para pessoas que fogem do Líbano para a Síria
O movimento xiita libanês Hezbollah está envolvido num fogo cruzado fronteiriço com Israel desde 8 de outubro do ano passado, um dia depois do seu aliado palestiniano Hamas ter atacado solo israelita.
Os ataques israelitas no Líbano intensificaram-se e mataram mais de 2.300 pessoas, sendo que 1.500 morreram nas últimas três semanas.
A campanha de bombardeamentos israelitas, e posteriormente uma incursão terrestre das forças de Telavive, obrigaram mais de 1,2 milhões de pessoas a abandonarem os locais de residência.