Hugo Soares, secretário-geral e líder parlamentar do PSD, não acredita que o PS desvirtue o Orçamento do Estado para 2025 depois de Pedro Nuno Santos ter anunciado a viabilização na generalidade e especialidade e voltou a criticar a “cumplicidade que ninguém entende” entre PS e Chega que permitem aprovar matérias no Parlamento.
Em entrevista ao Observador, o líder parlamentar recordou as palavras de Pedro Nuno Santos no que toca à aprovação na generalidade e especialidade e acredita que será possível fazer um “processo responsável”, mostrando-se “absolutamente tranquilo” com a negociação na especialidade. “Não acredito que o PS possa na especialidade desvirtuar o Orçamento depois de anunciar que o viabiliza e que gere problemas”, defendeu.
Não obstante a confiança, Hugo Soares lembrou que “as sextas-feiras [no Parlamento] são complicadas, sobretudo quando numa cumplicidade que ninguém entende, Chega e PS se aliam para aprovar matérias contra o que seria natural”, apontou, crente de que isso não acontecerá na especialidade.
Além disso, assumiu que “a intenção do Governo da Aliança Democrática é aprovar o Orçamento do Estado para 2026 como é para 2027 e o de 2028” e sublinhou confiança no que Montenegro pode fazer: “Eu tenho uma grande confiança na capacidade de persuasão e negociação do primeiro-ministro, mas tenho absoluta confiança de que o OE para 2026 será um bom Orçamento.”
Ainda sobre as reuniões que André Ventura garante ter tido com Luís Montenegro, Ventura preferiu deixar para o Governo, mas lembrou os eleitores do Chega que fez dois acordos parlamentares com Ventura que “duraram umas horas” e “sem razão nenhuma foram rompidos”. “O Chega não é um parceiro fiável, não se pode confiar na palavra de quem sem razão nenhuma viola compromissos que foram assumidos”, realçou, deixando a relação entre Chega e Governo para o Governo. No Parlamento, Hugo Soares prometeu continuar a procurar as “soluções possíveis para aprovar a legislação” — “Quando correr mal, denuncio.”
Hugo Soares elogiou também a lista da direção de Montenegro — que escolheu Leonor Beleza como a primeira vice-presidente — pela “grande capacidade política, combate e credibilidade”, mas também a abertura do partido à sociedade civil — recordando os novos militantes anunciados no Congresso do PSD, Ana Gabriela Cabilhas e Sebastião Bugalho.
“Todos os ex-vice-presidentes do PSD passam para vogais, o que dá uma palavra de grande humildade, e isso mantém os melhores mesmo em lugares que não são expectáveis”, defendeu o líder parlamentar. Já quando questionado sobre a ausência de um possível sucessor, Hugo Soares foi perentório: “Um líder que constitua uma equipa a pensar em quem o vai suceder está a cometer um erro, a pensar que pode fracassar.”
Num olhar sobre as autárquicas, Hugo Soares disse que a “prioridade é manter as câmaras” que o PSD já tem, mas reconheceu que “era muito importante que ganhasse a Câmara Municipal do Porto”. “O PSD terá um candidato que corporize este desejo de impulso de catapultar a cidade do Porto”, referiu, frisando que essa pessoa pode vir da sociedade civil ou do partido. Quanto ao nome de Pedro Duarte, considera um “excelente candidato”, mas salientou que há muitas outras pessoas que o poderiam fazer.
Num cenário mais alargado, o secretário-geral do PSD admitiu que caso o partido falhe os objetivos para estas eleições, o PSD “retirará que não foi capaz de encontrar os melhores candidatos e os que responderam à confiança dos eleitores”.
E no final de um dia em que Luís Marques Mendes marcou presença no Congresso do PSD, em Braga, Hugo Soares disse ter a certeza de que “há outros nomes que podem encaixar nesse perfil” para umas presidenciais, mas assumiu que “Marques Mendes tem um fortíssimo perfil para encaixar naquilo que é a nossa moção de estratégia global”.