Miguel Pinto Luz, ministro das Infraestruturas e da Habitação, afirmou este sábado que os membros do Governo sempre estiveram “profundamente convictos que o Partido Socialista ia viabilizar este Orçamento”. Em entrevista à Rádio Observador, à margem do Congresso do PSD em Braga, Pinto Luz destacou que a confiança na aprovação surgia do “esforço do Governo para acomodar os requisitos do PS”.
Questionado sobre se receia agora que uma coligação negativa possa “desvirtuar” o Orçamento de Estado na discussão na especialidade, o ministro classificou esse cenário como “inverosímil”. “Na análise política cabem todos os cenários, até os mais inverosímeis”, notou, sem dar uma resposta direta.
Ainda sobre o Orçamento de Estado, Pinto Luz classificou a ação das regiões autónomas — que ameaçaram com um chumbo, caso interesses açorianos e madeirenses não sejam contemplados — como “legítima”. “Faz parte da autonomia”, acrescentou. Mas considerou que, “no fim do dia”, vai continuar a prevalecer “o sentido de responsabilidade”, que também identificou no PS, no PSD e no CDS. Revelando uma vez mais confiança na aprovação na especialidade, Pinto Luz argumentou que estas negociações são normais. “Já assistiram a este dançar próprio do Orçamento antes”, afirmou.
Miguel Pinto Luz comentou ainda a nova direção do partido, que não inclui membros do Governo. Questionado sobre “se sentiu despromovido”, respondeu inequivocamente: “De forma alguma”. Pelo contrário, declarou que tem agora “tempo útil [que] será investido de forma positiva na governação”. Esta postura positiva face à nova direção é partilhada por todo o executivo, acrescentou.
Sobre o anúncio de Leonor Beleza para a vice-presidência, classificou-o como “uma grande novidade”, como Luís Montenegro se habituou já a fazer. O regresso da social-democrata ao espaço de combate político era algo que o partido desejava há muito tempo e o facto de ter sido Montenegro a consegui-lo comprova “o seu poder de convocatória”, elogiou Pinto Luz.
Confrontado com uma sua posição no passado — em que se mostrou disponível para dialogar com o Chega — e questionado sobre se esta se mantém, o ministro esclareceu que esta se tratava de uma preferência pelo diálogo com todos os partidos e não especificamente devido a uma preferência pelo partido de André Ventura. Por outro lado, Pinto Luz deixou críticas à sua atitude. “Há uma parte do parlamento que é como se não existisse, porque não é séria na forma como trata os seus pares e se apresenta de forma turbulenta”, considerou, acrescentando que “procuram vitimizar-se e autoexcluir-se“.
Sobre as acusações do líder do Chega de que o primeiro-ministro mentiu sobre reuniões privadas e “secretas” entre os dois, Pinto Luz foi sintético: “Eu não quero entrar no mesmo bate bola que o Chega tem entrado, já se provou que aquilo que tem dito não tem contexto de realidade”.
O ministro das Infraestruturas e da Habitação foi também inequívoco na recusa de uma candidatura à câmara de Cascais em 2025, notando que foi “uma etapa da sua vida”, mas que esta já foi posta de lado. Para suceder a Carlos Carreiras, aponta o nome de Nuno Piteira Lopes como “o homem certo para abraçar esse desafio”. Da sua parte, recusa arrependimentos e diz estar “muito preenchido e comprometido com a governação do país”.
Ainda sobre as eleições autárquicas recusou que o aviso de Montenegro contra “vaidades individuais” tenha sido pessoal e concordou com os objetivos de vitória ambiciosos traçados pelo chefe do Governo. “É importante colocar a fasquia alta e assumir riscos”, defendeu.
Miguel Pinto Luz concluiu a sua entrevista olhando para o caminho para a Belém e evitando ser definitivo sobre uma candidatura de Marques Mendes. Apesar de ter sido o único social-democrata que expressou interesse pelo cargo, o ministro considerou que o passo seguinte é formalizar esse interesse. “Quando der esse passo, os militantes do PSD poderão tomar uma decisão”, adiou o ministro, recusando adiantar outros nomes que também possam estar na corrida.