O grupo Vita, que acompanha as vítimas de abusos sexuais na Igreja Católica, propôs uma revisão do regulamento que define os procedimentos para a compensação financeira às vítimas dos abusos sexuais na igreja Católica, anunciou o grupo, coordenado pela psicóloga Rute Agulhas, em comunicado. A sugestão terá sido aceite, pelo que o grupo Vita diz aguardar agora “a conclusão do processo”.

“Enquanto aguarda a nova versão do regulamento, o Grupo VITA continua focado no apoio às vítimas através da escuta ativa, acompanhamento e sinalização de todas as situações que lhe são reportadas”, sublinha o grupo, acrescentando que está a realizar um périplo pelas Dioceses, numa “lógica de sensibilização e capacitação das diversas estruturas eclesiásticas”.

O comunicado surge escassas semanas depois de o grupo Vita se ter envolvido numa polémica com a Comissão Independente que investigou os abusos sexuais na Igreja Católica. Há cerca de um mês, Rute Agulhas colocou em causa a qualidade da validação científica dos testemunhos recolhidos pela CI e questiona os motivos para a destruição da base de dados da comissão (que impede o uso dessa informação pelo Grupo Vita).

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Em resposta, a Comissão Independente garantiu o rigor da validação e assegurou que a Igreja sempre soube dos planos para a destruição da base de dados. Pouco depois, Rute Agulhas voltou a falar sobre o assunto num novo comunicado, acusando a comissão liderada pelo pedopsiquiatra Pedro Strecht de manipular as suas palavras e garantindo que tem conhecimento de alegações falsas prestadas à comissão

Até ao momento, o Grupo VITA diz ter sido contactado por 112 vítimas de violência sexual no contexto da Igreja. “Destas, 26 estão a beneficiar de um processo de acompanhamento psicológico regular, sendo que 51 solicitaram uma compensação financeira. O Grupo VITA apela a que mais vítimas nos contactem, de modo a poderem beneficiar de um processo de ajuda”, realça o grupo que, para além de Rute Agulhas, é ainda constituído pelos psicólogos Ricardo Barroso, Alexandra Anciães e Joana Alexandre e pelo assistente social Jorge Neo Costa.