O presidente da Câmara Municipal do Barreiro disse esta segunda-feira que não foi consultado sobre o “projeto de reabilitação da Área Metropolitana de Lisboa” anunciado pelo primeiro-ministro e que vê com cautela a criação de “uma megaestrutura” metropolitana.

Nunca nos consultaram. Não fazíamos a mínima ideia do que se estava a passar ou do que se vai passar. Fiquei com a ideia que isto é uma reformulação do projeto Arco Ribeirinho Sul, que tinha já uma consensualização grande entre todos os autarcas em dois passos importantes como a descontaminação dos solos da antiga Cuf e da Siderurgia e o alargamento do Metro Sul do Tejo”, afirmou Frederico Rosa (PS), em declarações à agência Lusa.

“Fico sempre satisfeito quando se fala sobre projetos, mas espero que não seja só uma mudança de nome empresarial. Fiquei com ideia de que se ia transformar o projeto Arco Ribeirinho Sul para o Parque Humberto Delgado, que vai centralizar tudo da margem norte e sul num só chapéu. Isso vejo com alguma cautela”, referiu.

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De igual forma, o presidente da Câmara do Seixal manifestou-se surpreendido com o anúncio do primeiro-ministro, assegurando que nada foi articulado com o seu município, ou com o de Almada.

“Vejo com surpresa porque para estes territórios já existia uma outra sociedade, a do Arco Ribeirinho Sul, que tinha como incumbência a gestão e transformação destes territórios, incluindo a descontaminação dos terrenos e a preparação de um plano de desenvolvimento”, disse Paulo Silva (CDU).

O primeiro-ministro anunciou no domingo, durante o 42.º Congresso do PSD, em Braga, o que classificou como um “grande projeto de reabilitação da Área Metropolitana de Lisboa” (AML), que visa “erguer uma metrópole vibrante e homogénea” nas duas margens do rio Tejo.

Montenegro referiu que o plano será desenvolvido em três polos para, “de forma concertada, erguer uma grande pólis com duas margens”.

Em causa está, por exemplo, a criação da Sociedade de Gestão Reabilitação e Promoção Urbana, a que o Governo dará o nome de Parque Humberto Delgado, e que “será o instrumento para pensar, projetar e ordenar o Arco Ribeirinho Sul nos municípios de Almada, Barreiro e Seixal”.

Um segundo polo será o Ocean Campus, entre o vale do Jamor e Algés, nos municípios de Lisboa e Oeiras, e o terceiro aproveitará os terrenos que serão libertados com o fim do atual aeroporto Humberto Delgado, nos municípios de Lisboa e Loures.