Na inauguração do novo Laboratório Digital Forense da Polícia Judiciária (PJ), um investimento de quase sete milhões de euros, o diretor nacional da PJ, Luís Neves, adiantou que esta polícia tem três milhões de euros afetados a escutas telefónicas.
No seu discurso na cerimónia de inauguração do novo laboratório pericial, que contou com a presença do primeiro-ministro, Luís Montenegro, da ministra da Justiça, Rita Alarcão Júdice, e do Procurador-Geral da República, Amadeu Guerra, o diretor nacional da PJ destacou um percurso de modernização e aumento de recursos desta polícia, e um trabalho colaborativo com outros órgãos de polícia criminal (OPC) e forças de segurança.
“A atividade pericial da PJ é, em mais de 50%, efetuada a pedido de outros OPC e autoridades judiciárias” e a PJ mantém “um sistema de interceções telefónicas, ao qual afetámos cerca de três milhões de euros”, afirmou Luís Neves.
Segundo adiantou a ex-Procuradora-Geral da República, Lucília Gago, numa audição parlamentar em setembro, em 2023 foram feitas cerca de 11 mil escutas telefónicas.
Luís Neves sublinhou que desde 2018 e até 2025 a PJ terá triplicado o número de peritos na área tecnológica e informática, uma “área crítica”, cuja falta de meios era “em parte o grande obstáculo ao desenvolvimento célere das investigações mais complexas”.
Definiu ainda como objetivo “investir e reforçar os meios” na recuperação de ativos, “que permitam a rápida deteção e apreensão de bens”, incluindo para situações de perda alargada de bens, um dos pontos de destaque da agenda anticorrupção do atual Governo.
De acordo com os dados avançados pelo diretor nacional da PJ, “entre 2018 e 2024 houve lugar a quase 280 milhões de bens apreendidos e arrestados” e “mais de mil milhões de euros em operações suspeitas foram comunicadas pela Unidade de Informação Financeira ao DCIAP”.
Luís Neves apontou o combate à corrupção e à criminalidade económica e financeira como “máxima prioridade e preocupação”, o que justifica o “maior investimento que a PJ jamais fez nesta área”, destacando ainda entre as ameaças e prioridades desta polícia a cibercriminalidade “que passou a ser uma constante” numa sociedade cada vez mais digital e o “aumento gradual e significativo do discurso de ódio”, um “catalisador de comportamentos de violência”.
“Em Portugal, à semelhança do que sucede em muitos outros países, designadamente europeus, o tráfico de estupefacientes volta a ser uma das principais áreas do crime organizado com expressiva relevância no crime violento e na corrupção”, referiu ainda.