A hora do reencontro. José Mourinho e o Manchester United voltaram a cruzar-se esta quinta-feira, desta feita em partida da Liga Europa e num contexto bem diferente daquele que o treinador e o clube enfrentavam há seis anos. Foi em 2018 que o setubalense deixou os red devils, sem grande protagonismo, embora tenha sido com Mourinho ao leme que o clube de Manchester alcançou o seu melhor resultado na Premier League nos últimos anos: o segundo lugar em 2017/18, atrás do rival City, com 81 pontos.

Mourinho entre golos tardios, muitas críticas e um (improvável) elogio: Fenerbahçe volta a perder pontos antes da receção do United

Contudo, depois de passar pelo Tottenham e pela Roma, clube no qual conquistou a Liga Conferência em 2022 e chegou à final da Liga Europa no ano seguinte, Mourinho rumou ao futebol turco e, desde o último verão, o timoneiro de serviço do Fenerbahçe. Com a chegada do conceituado treinador, o clube passou por uma reformulação, fez um grande investimento, mas não tem colhido os frutos, estando já a oito pontos do Galatasaray no Campeonato turco. Ainda assim, a prestação europeia apresentava-se bastante diferente, com os turcos a ocuparem os primeiros lugares com quatro pontos — St. Gilloise (casa, 2-1) e Twente (fora, 1-1).

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“Se tiver de dizer agora quais são os dois maiores candidatos a vencer a Liga Europa, acho que é fácil: Manchester United e Tottenham. A Premier League é um nível diferente de qualidade, intensidade, ritmo, cultura tática… de tudo. Amanhã [quinta-feira], penso que vamos jogar contra uma das duas equipas mais fortes. United? Saí com um bom sentimento em relação ao clube e aos seus adeptos e quero o melhor para eles. Se as coisas não estão a correr muito bem, não é algo que me deixe feliz. Mas não tenho tempo, não faz sentido para mim estar a pensar no que aconteceu”, partilhou o treinador de 61 anos que, no último encontro entre ambas as equipas, estava do lado inglês — vitória por 2-1 dos turcos em casa, em 2016, na fase de grupos da Liga Europa.

Já o Manchester United com Erik ten Hag ainda debaixo de fogo, embora a prestação da equipa tenha melhorado depois da goleada sofrida em casa frente ao Tottenham (0-3). A partir daí, os red devils não voltaram a perder, empatando em casa do FC Porto (3-3) e do Aston Villa (0-0), e ganhando na receção ao Brentford, no fim de semana (2-1). Ainda assim, o facto de ter somado apenas dois pontos em duas jornadas na fase de liga da Liga Europa, colocava a formação inglesa com a obrigação de triunfar em Istambul, sob pena de ficar para trás na luta pelo playoff de acesso aos oitavos de final.

“Nós conquistámos troféus nacionais, depois de ele [Mourinho] ter saído, mas o Manchester United não venceu na Europa, e isso também é um objetivo para nós. Mourinho e eu conquistámos muitos troféus, nos últimos anos, mas tens de provar o que vales, ano após ano, e, quando não vences, estás sempre sob críticas. Sabemos disso e temos experiência suficiente. No futebol, o que importa é vencer jogos. O que importa é como estás, no final da época. Mourinho é muito experiente, vai levar a sua equipa à melhor forma, vai ter sucesso e nós também. Estamos convictos de que estamos na direção certa e que vamos alcançar os nossos objetivo”, retorquiu o neerlandês na antevisão.

Estavam assim reunidos todos os ingredientes para o primeiro jogo de sempre entre Mourinho e Ten Hag, dois treinadores que não têm sido unânimes entre os seus adeptos. Na antecâmara deste encontro, o português sofreu um duro revés, com a lesão do lateral Oosterwolde, e optou por lançar em campo outro ex-United, o brasileiro Fred. Amrabat, que representou os ingleses na época passada, também foi titular, juntamente com Saint-Maximin, que também brilhou na Premier League. Na equipa britânica, a ausência de Bruno Fernandes, que foi expulso no Dragão, foi colmatada com o ex-Sporting Ugarte, que se juntou a Diogo Dalot no onze.

Depois de o equilíbrio imperar na fase inicial da partida, os red devils acabaram por adiantar-se no marcador, numa jogada que teve Garnacho a cruzar rasteiro para Mazraoui, o marroquino amorteceu para Zirkzee que, por sua vez, tocou atrasado para o remate certeiro de Eriksen, à entrada da área (15′). Pouco depois, o dinamarquês voltou a aparecer em destaque, serviu Rashford, só que, com tudo para duplicar a vantagem, o internacional inglês falhou o alvo (22′). Na resposta, Tadic apareceu com perigo dentro da área, atirou para o golo mas, no momento certo, Ugarte antecipou-se e cortou a bola (23′).

Com a vantagem pela margem mínima a imperar ao intervalo, os turcos apareceram com outra cara no segundo tempo e, depois de um cruzamento de Saint-Maximin, En-Nesyri ganhou a Lindelöf e Lisandro Martínez e cabeceou para o empate (49′), levando Mourinho a festejar com um jovem apanha-bolas. O Fenerbahçe manteve o ímpeto ofensivo e, numa jogada polémica, Osayi-Samuel caiu dentro da área numa disputa com Ugarte, mas o árbitro acabou por não assinalar qualquer infração. O técnico português, juntamente com o banco da formação da casa, excederam-se no protesto, levando Clément Turpin a expulsar Mourinho, que terminou o jogo a dar indicações… no meio dos adeptos.

Sem o timoneiro junto à linha lateral, a equipa acabou por ressentir-se e perdeu o controlo das opções, ainda que o jogo das substituições tenha acabado por quebrar o ritmo da partida. O nó acabou por não ser desatado até ao fim e a partida terminou com Antony a sair de maca 15 minutos depois de ter saltado do banco. Feitas as contas, o Fenerbahçe chegou aos cinco pontos e subiu ao 14.º, ao passo que o Manchester United tem agora três pontos e é 21.º.