O Presidente da República confirmou esta quinta feira que procurou informar-se sobre “o que se tinha passado” no incidente entre militares e o ministro Paulo Rangel em Figo Maduro não só com as Forças Armadas, como o Observador noticiou horas antes, mas também junto do primeiro-ministro. Marcelo Rebelo de Sousa garante que aquilo que lhe “chegou de um lado e do outro corresponde a uma desdramatização e uma versão” coincidente que até corresponde a situações similares que já viveu no mesmo lugar.

Marcelo pediu esclarecimentos sobre confusão com Rangel em Figo Maduro

O Presidente da República admite que “houve equívocos” naquele momento mas que, tal como o Observador já tinha avançado, quando questionou as “autoridades militares sobre se havia alguma razão de queixa, algum problema, disseram que não.” Marcelo lembra: “[Já me aconteceu] na chegada, duas ou três vezes, de evacuados e de refugiados, eu dirigir-me, porque tinha a informação que era um sítio, e eles saíam para outro sítio, porque tinham de proceder a uma série de identificações policiais, que havia uma série de requisitos burocráticos a cumprir.”

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O chefe de Estado explica que nessa circunstância andou “de um lado para o outro, do sítio onde normalmente, onde da partida no AT-1, que é a base aérea, para o sítio onde eles estavam a chegar, que era um pouco longe dali, depois voltei para o mesmo sítio, para ver se era possível o acesso pela placa.”

[Já saiu o quarto episódio de “A Grande Provocadora”, o novo podcast Plus do Observador que conta a história de Vera Lagoa, a mulher que afrontou Salazar, desafiou os militares de Abril e ridicularizou os que se achavam donos do país. Pode ouvir aqui, no Observador, e também na Apple Podcasts, no Spotify e no Youtube. E pode ouvir aqui o primeiro episódio, aqui o segundo e aqui o terceiro.]

Marcelo Rebelo de Sousa diz que “na altura era mais fácil, porque não havia o que existe já há algum tempo, que é uma separação, por razões de segurança. Que nem mesmo com o Presidente a chegar lá é fácil de abrir. Porque se não tiver havido prevenção e não estiver tudo preparado, eu tenho que esperar pela abertura”. O Presidente desdramatiza a dizer que uma situação como aquelas já o “incomodou algumas vezes, porque normalmente são horas que não são muito fáceis. Noite, madrugada, em que se tem uma indicação dos serviços de apoio nossos, que é num sítio, depois não é nesse sítio, é num outro sítio.” E volta a reforçar: “A mim o que me chegou foram versões muito coincidentes que minimizaram o problema. Eu fiquei esclarecido que não encontrei uma versão que fosse muito diferente uma da outra e que fossem muito graves.”

Os factos em causa ocorreram a 4 de outubro, quando o ministro dos Negócios Estrangeiros foi receber os portugueses repatriados do Líbano ao Aeroporto Militar de Figo Maduro, em Lisboa. Segundo contou a TVI/CNN Portugal, Paulo Rangel foi colocado na zona VIP, mas terá sido impedido por militares de chegar até à pista. Isso levou-o a protestar de forma muito vocal com a situação, tendo confrontado dois chefes militares. A postura de Rangel terá, segundo várias notícias que saíram sobre o assunto, incomodado os alvos do seu protesto e levaram o PS a levantar o assunto na Assembleia da República. O primeiro-ministro já tinha saído em defesa de Paulo Rangel.