O ministro da Educação, Ciência e Inovação, Fernando Alexandre, defendeu esta quinta-feira que a precariedade com que se debatem os investigadores não se vai resolver com a criação de vagas por decreto, mas com “múltiplas soluções”.
“A precariedade que existe, num grau muito elevado, em Portugal não se vai resolver com a criação por decreto de vagas, de contratos por tempo indeterminado em instituições públicas“, disse Fernando Alexandre à margem do evento “Inovação e Bem-Estar para o Sucesso — Inovação pedagógica, saúde mental e sucesso no ensino superior”, que decorre até sexta-feira em Coimbra.
“A solução para a precariedade passa por múltiplas soluções, ou seja, a docência, a docência e investigação. Os professores universitários e de politécnico também são investigadores, não são apenas investigadores os que têm a possibilidade de fazer investigação em exclusividade, embora, obviamente, tenha que haver um lugar para esses”, sustentou o ministro, adiantando que o combate à precariedade “parte da criação de oportunidades diversas”, incluindo nas empresas.
“Para podermos transformar a nossa economia, vamos ter que ter cada vez mais investigação nas empresas e, por isso, cada vez mais vagas para investigadores nas empresas”, indicou.
À agência Lusa, o ministro da Educação, Ciência e Inovação indicou que as instituições de ensino superior e os centros de investigação têm incentivos para “criarem mais espaço para o crescimento dessa carreira” e que quem é investigador “vai ter muitas oportunidades”.
Para além das 1.100 vagas do projeto “FCT-Tenure”, serão “mais de 1.500 vagas até 2026, para docência, que vão ser criadas pela aposentação” nas universidades e politécnicos.
Fernando Alexandre aludiu ainda ao Estatuto da Carreira de Investigação Científica, proposto pelo Governo e que já foi aprovado em Conselho de Ministros, “precisamente para garantir maior estabilidade e uma perspetiva de carreira para os investigadores”.
“O estatuto da carreira de investigação científica, que o Governo está a propor, tem como principal objetivo, precisamente, garantir as condições para que os cientistas possam desempenhar a sua atividade numa perspetiva de médio e longo prazo, porque é assim que se faz investigação”, referiu.
Algumas centenas de investigadores estiveram em protesto em Lisboa na quarta-feira, para exigir o fim da precariedade que deixa muitos sem otimismo quanto ao futuro da ciência em Portugal.