O ex-ministro social-democrata Miguel Poiares Maduro considerou esta sexta-feira existir um “risco sério” do PSD ter dois candidatos às presidenciais, lançando como possibilidades os nomes de Luís Marques Mendes e Rui Rio.

Eu acho que há, desta vez, o risco sério de haver dois candidatos do PSD. E não estou a pensar em Pedro Passos Coelho. Estou a pensar em Rui Rio e Marques Mendes”, defendeu o social-democrata numa mesa redonda organizada pela agência Lusa sobre estratégia e comunicação política que contou também com a participação do antigo consultor de comunicação Luís Paixão Martins.

O antigo ministro Adjunto e do Desenvolvimento Regional disse acreditar que “Leonor Beleza e Passos Coelho não querem mesmo ser candidatos presidenciais” e que o ex-líder do PSD Rui Rio, mesmo havendo uma escolha distinta da direção dos sociais-democratas, não se sentirá condicionado em avançar para a corrida a Belém.

Para o especialista em comunicação Luís Paixão Martins, a decisão de Luís Marques Mendes avançar não está nas suas mãos, mas sim à espera de uma decisão do seu partido.

Num debate em que foi também avaliada a hipótese de o almirante Gouveia e Melo se apresentar às eleições presidenciais, Luís Paixão Martins defendeu que o militar “era um bom candidato para o Chega” e que se estivesse “ligado a uma campanha do PSD, a primeira coisa que faria era associar o almirante Gouveia e Melo ao Chega”.

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“Se o Chega tiver um candidato contra ele, a candidatura do almirante já é mais difícil de ter viabilidade. Se o Chega não tiver outro candidato, ele é o candidato do Chega. Corre, aliás, o risco de o Chega dizer isso. Porque, de facto, é um ativo muito interessante para um partido como o Chega, que coloca sérias dificuldades ao resto da direita”, acrescentou.

Poiares Maduro disse acreditar que Gouveia e Melo não assumirá esse apoio, mas será o “candidato informal” do partido de André Ventura.

“Se (nas presidenciais) houver Rui Rio e Marques Mendes do lado do PSD e o almirante Gouveia e Melo, a primeira volta no espaço (da direita) fica muito aberta”, podendo até resultar na presença de Gouveia e Melo numa segunda volta, disse.

Sobre a estratégia de comunicação do atual Governo PSD/CDS-PP, Poiares Maduro considerou que é “muito mais próxima do governo de António Costa do que do governo de Pedro Passos Coelho” ao fazer, por exemplo, previsões de crescimento “muito mais baixas do que estavam previstas” para depois, como o ex-primeiro-ministro socialista, se “vangloriar de superar as expectativas”.

Passos Coelho “era muito diferente” nesse aspeto, afirmou o seu ex-ministro.

Paixão Martins disse ter uma “opinião muito favorável” sobre a comunicação do executivo de Montenegro, argumentando que o primeiro-ministro pretende, quando comunica, agradar os “eleitores de oportunidade” de vários quadrantes políticos em momentos diferentes.

“Olha para os eleitores de oportunidade interesseiros à esquerda e fala com eles, com medidas interesseiras. Olha para os eleitores de oportunidade interesseiros da IL e toma medidas que têm a ver com os interesses. Depois olha para os eleitores à direita do PSD que são mais ideológicos e anuncia medidas mais programáticas e menos pragmáticas”, disse, acrescentando que, na sua opinião, foi também isso que Costa procurou fazer enquanto primeiro-ministro.

Paixão Martins deixou, porém, críticas às limitações que o Governo tem imposto às perguntas feitas por jornalistas em conferências de imprensa, classificando a decisão como “a coisa mais estúpida que existe”, uma vez que, defendeu, só as primeiras perguntas feitas é “que têm interesse” e as “outras já ninguém liga”.

Sobre o Presidente da República, o consultor de comunicação considerou que “traiu os eleitores” depois das duas idas às urnas, porque, na primeira vez, foi “eleito por eleitores de direita e, na prática, apoiou o Governo do PS” e, na segunda vez, “foi eleito por eleitores mais de esquerda e traiu-os outra vez”.