A Confederação Nacional da Agricultura (CNA) propôs esta terça-feira ao Governo uma campanha de vacinação gratuita dos animais e um apoio extraordinário aos produtores pecuários para conter a proliferação da febre catarral ovina, conhecida como doença da língua azul.

Em comunicado, a CNA refere que o objetivo da medida de apoio extraordinário para os produtores é “compensar a perda de rendimento pela morte de animais e para a reposição dos efetivos” afetados por esta doença, que está “a causar prejuízos avultados nas explorações, não só do Sul mas também já do Centro do país”.

Salientando que os dados do Sistema de Recolha de Cadáveres de Animais Mortos na Exploração (SIRCA) indicam que “a evolução da doença está descontrolada e são necessárias medidas imediatas de controlo”, a confederação sustenta que “não basta apenas emitir um Edital”: “É preciso garantir apoios para que os produtores tenham condições para o cumprir e poderem manter a sua atividade“, enfatiza.

Segundo a CAP, os custos com as medidas de contenção, nomeadamente com a vacinação dos animais, associados à perda de rendimento resultantes das elevadas taxas de abortos e mortalidade de animais, muitos deles reprodutores, “são incomportáveis para a grande maioria das explorações com efetivos pecuários”.

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As explorações, principalmente as pequenas e médias, estão normalmente em situação financeira difícil, seja pelos elevados custos de produção, que não se fazem refletir nos preços pagos ao produtor, seja pela ocorrência de fenómenos climáticos como a seca, que ciclicamente vão reduzindo o rendimento dos agricultores”, afirma.

Neste contexto, e além da campanha de vacinação gratuita — “em condições a definir pela direção Geral da Alimentação e Veterinária (DGAV) — e do apoio extraordinário aos produtores, a CNA reclama a garantia de que estes “não são penalizados nas ajudas da PAC [Política Agrícola Comum] por eventuais incumprimentos que decorram da proliferação deste surto”.

Na passada sexta-feira, a Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) tinha também já alertado que a febre catarral ovina está a provocar “uma grave crise financeira e económica” no país, reclamando a intervenção urgente do Governo.

Num comunicado então publicado na sua página de Internet, consultado pela agência Lusa, a CAP disse estar a acompanhar “a gravidade do surto e os impactos financeiros crescentes”.

“É da maior urgência que a tutela intervenha de forma célere, minimizando os custos para os produtores e assegurando a continuidade das explorações e a sua sustentabilidade económica”, defendeu a confederação agrícola.

Dias antes, em 10 de outubro, também a Federação das Associações de Agricultores do Baixo Alentejo (FAABA) apelou, em comunicado, ao Governo para que o Estado passe a suportar na íntegra os custos da aquisição da vacina contra a doença da língua azul.