“As políticas de fronteiras de Kamala Harris são as piores do mundo”. A expressão foi utilizada por Donald Trump incessantemente ao longo de toda a campanha. A uma semana das eleições, o candidato republicano à Casa Branca repetiu-a numa conferência de imprensa em que se focou precisamente no tema da imigração.

“Vamos confiscar bens de gangues criminosos e cartéis de droga e vamos usar esses bens para criar um fundo de compensação para as vítimas de crime migrante”, anunciou o ex-Presidente. A promessa da criação de um fundo de restituição foi uma das poucas novidades nas declarações desta terça-feira, a partir da sua propriedade em Mar-a-Lago, na Flórida. A suposta relação entre os migrantes que entram nos Estados Unidos e um aumento percecionado no crime tem sido uma bandeiras da campanha de Donald Trump. Para provar que essa relação existe, o republicano apresentou um vídeo de Alexis Nungaray, cuja filha de 12 anos foi morta por dois homens da Venezuela, e deu a palavra a Tammy Nobles, cuja filha foi morta por imigrantes sem documentos.

Para além de Nobles, juntaram-se a Trump em palco outros dois apoiantes: um dono de uma empresa, que criticou as políticas económicas da administração Biden-Harris e a sogra de uma soldado morta em combate, que apontou o dedo à sua política externa, particularmente à retirada do Afeganistão, dois tópicos aos quais o ex-Presidente também tem recorrido.

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À semelhança de outras intervenções, Trump alongou-se sobre as políticas migratórias — “No terceiro mundo, na república das bananas, afastam-nos com paus e pedras, se for preciso. Nós deixamo-los entrar” — e deixou insultos a Kamala Harris, mas também a Michelle Obama — “A mulher dele foi muito maldosa comigo no outro dia”, disse, referindo-se a um encontro com o ex-Presidente Obama.

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Trump tentou ainda defender-se das acusações que o assemelham a líderes nazi. “Ela [Kamala Harris] só critica, fala do Hitler e dos Nazis, porque os seus registos são péssimos”, argumentou, acusando os democratas de levarem a cabo “uma campanha de ódio para destruir o país”. Por oposição, os republicanos levam a cabo “eventos lindos”, como o comício deste fim de semana, defendeu. O evento incluiu várias declarações polémicas de caráter profundamente racista, mas Trump recusou semelhanças entre este evento em Madison Square Garden e um outro, em 1939, organizados por líderes nazis norte-americanos: “O amor naquela sala era de tirar o fôlego. Foi um festival de amor, um festival absoluto, foi uma honra estar envolvido”, afirmou.

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Donald Trump não respondeu a questões dos jornalistas no final das suas declarações. A conferência foi anunciada horas antes de Kamala Harris levar a cabo a sua declaração final de campanha, que vai acontecer esta terça-feira à noite em Washington.