O diretor do Serviço de Cirurgia Geral da Unidade Local de Saúde (ULS) Amadora/Sintra demitiu-se e dez cirurgiões deixaram o serviço, confirmou esta quinta-feira à Lusa a instituição, que prevê constrangimentos no serviço.

Uma fonte ligada ao processo disse esta quinta-feira à Lusa que o diretor do Serviço de Cirurgia Geral, Paulo Mira, tinha apresentado o seu pedido de demissão ao Conselho de Administração e que tinham saído os 10 cirurgiões que apresentaram a demissão devido ao regresso de dois médicos que denunciaram más práticas no serviço.

Serviço de cirurgia do Amadora-Sintra arrisca perder mais de metade dos médicos. Cirurgias e urgência já estão a ser afetadas

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Contactada pela Lusa, a ULS Amadora/Sintra confirmou “a saída de 10 elementos do Serviço de Cirurgia Geral e a demissão do atual diretor do Serviço com efeitos a 31 de dezembro”, adiantando que a situação está a ser acompanhada pela tutela.

Adiantou que “estão a ser efetuados esforços de resolução com a maior brevidade possível, com o apoio dos elementos do Serviço e restante equipa”.

A ULS prevê constrangimentos na escala de Cirurgia Geral e avança que “serão informadas as autoridades competentes, incluindo INEM, caso seja necessário”.

Em declarações à agência Lusa, o secretário-geral do Sindicato Independente dos Médicos (SIM), Nuno Rodrigues, manifestou “muita preocupação” com a situação, “perante a falta de assistência a cuidados de cirurgia geral numa área populacional muito grande, que necessita desta especialidade”.

Nuno Rodrigues alertou que os doentes que não possam ser atendidos no Amadora/Sintra terão de ser drenados para outros hospitais que já estão sobrecarregados”.

Segundo o líder do SIM, o diretor do serviço “fez tudo para capacitar e modernizar o serviço” e viu-se “a braços com esta situação”, a que a administração da ULS não conseguiu dar resposta adequada.

“É uma situação complicada e complexa que não tem solução fácil”, lamentou Nuno Rodrigues.

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Também a presidente da Federação Nacional do Médicos (FNAM), Joana Bordalo e Sá, manifestou preocupação: “A administração tinha prometido resolver o problema, mas nada fez e está a comprometer os cuidados de cirurgia à população que serve”.

Joana Bordalo e Sá apontou como motivos para a demissão de Paulo Mira “a falta de condições, recursos humanos e capacidade de gestão de serviço que não tem médicos suficientes”.

A situação tem sido acompanhada pelo presidente do Conselho Regional do Sul da Ordem dos Médicos (OM), Paulo Simões, que lamentou a saída do diretor do serviço e dos cirurgiões.

Lamentou ainda que o conselho de administração não tenha conseguido encontrar uma solução para o problema.

Também manifestou preocupação com o facto de o serviço poder ficar sem capacidade de resposta de urgência.

No final de uma visita que realizou ao serviço no dia 7 de outubro, Paulo Simões disse à Lusa que o agora diretor demissionário tinha conseguido criar “as unidades funcionais que pretendia (…) e tudo estava a correr muito bem, até que há uma informação de que os dois elementos que tinham saído em conflito estavam com intenções de regressar ao serviço”.

Esta situação criou um “grande desconforto” e levou cerca de metade dos cirurgiões do serviço a apresentarem demissão.