Portugal já comprou, pelo menos, mais de três milhões de vacinas contra a língua azul, que afeta todos os distritos do continente, segundo os dados avançadosesta terça-feira pelo Governo, no parlamento.

As vacinas contra os serotipos um e quatro foram adquiridas pela Direção-Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV), enquanto as para o serotipo três, detetado em 13 de setembro, são compradas pelas organizações de produtores.

Segundo os dados avançados esta terça-feira, no parlamento, pelo ministro da Agricultura e Pescas, José Manuel Fernandes, “para os serotipos um e quatro foram compradas” mais de três milhões de vacinas pela DGAV. Já contra o serotipo três da doença da língua azul, as organizações de produtores já aplicaram “100.000 vacinas”, tendo o Governo disponibilizado um apoio total de um milhão de euros para o efeito.

Em resposta aos deputados, numa audição conjunta com as comissões de orçamento, Finanças e Administração Pública e Agricultura e Pescas, José Manuel Fernandes esclareceu que, no que diz respeito ao serotipo três foram as organizações de produtores a avançar com a compra das vacinas, uma vez que o Estado está obrigado às regras de contratação pública, o que levaria a que as vacinas só chegassem “daqui a dois ou três meses”.

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A febre catarral ovina ou língua azul é uma doença viral, de notificação obrigatória, que afeta os ruminantes e não é transmissível a humanos.

Em Portugal estão a circular três serotipos de língua azul, nomeadamente o BTV-4, que surgiu, pela primeira vez em 2004 e foi novamente detetado em 2013 e 2023, o BTV-1, identificado em 2007, com surtos até 2021, e o BTV-3, detetado, pela primeira vez, em 13 de setembro.

A vacinação de ovinos e bovinos contra os serotipos um e quatro é obrigatória. Já contra o serotipo três é apenas permitida.

A DGAV autorizou, temporariamente, três medicamentos contra a língua azul, dois dos quais ainda não estão disponíveis no mercado. Os serotipos três e quatro do vírus da língua azul já atingiram todos os distritos de Portugal continental, só a Madeira e os Açores estão livres da doença.

No que diz respeito ao serotipo três, os últimos dados, reportados à semana passada, indicam que foram contabilizadas 41 explorações de bovinos afetadas e 102 animais, sem mortalidade.

No caso dos ovinos, somam-se 238 explorações, 11.934 animais afetados e 1.775 mortos. Por distrito, destacam-se Évora, com 90 explorações afetadas, e Beja, com 76, seguidos por Setúbal (48) e Portalegre (20).

O Ministério da Agricultura está a preparar o reforço dos apoios às organizações de produtores face à doença da língua azul e vai investir num plano de desinsetização para travar a propagação, avançou à Lusa. Além do reforço da subvenção anual dada às organizações de produtores, o executivo de Luís Montenegro vai investir num plano nacional de desinsetização para travar a propagação do vetor transmissor e da doença.

O ministério liderado por José Manuel Fernandes adiantou que este plano vai permitir evitar a propagação do serotipo três da língua azul, mas também de outras doenças transmitidas por insetos, como a doença hemorrágica dos bovinos. O Governo não revelou quando é que este plano vai avançar.

Governo vai contratar 25 colaboradores para a DGAV em 2025 incluindo médicos

O ministro da Agricultura disse ainda esta terça-feira, no parlamento, que o Governo vai contratar, no próximo ano, 25 colaboradores para a Direção-Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV), incluindo médicos.

José Manuel Fernandes anunciou a “contratação de 25 colaboradores” para a DGAV, como uma das medidas para garantir uma visão integrada de uma só saúde e reforçar as normas de bem-estar animal. Conforme adiantou, entre estes trabalhadores da DGAV, um serviço central da administração direta do Estado, estão médicos veterinários, sem precisar as funções dos restantes colaboradores que vão ser contratados.