Os resultados ainda não são oficiais, mas muitos líderes mundiais não quiseram esperar para começar a felicitar o candidato republicano Donald Trump, que segundo todas as projeções é o mais que provável vencedor das eleições presidenciais depois de sair vitorioso em vários estados chave. Alguns destacaram o “ressurgimento de um guerreiro” e uma vitória “histórica”, outros rejeitaram a importância das eleições e deixaram desafios ao futuro presidente.

Projeções dão vitória a Donald Trump após ganhar no Wisconsin e Alaska

França foi o primeiro país a reagir, numa altura em que a vitória de Trump já se afigurava no horizonte. Num primeiro momento, um porta-voz do governo francês afirmou que a Europa “deve assumir o controlo do seu destino”. As palavras seriam reforçadas pouco depois pelo Presidente Emmanuel Macron, que, na rede social X (antigo Twitter), felicitou Donald Trump e revelou ter falado no mesmo dia com o chanceler alemão. Ambos concordaram trabalhar para uma Europa “mais unida, mais forte e mais soberana” e cooperar com os EUA para “defender os interesses e valores comuns.”

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Seguiram-se reações em catadupa um pouco por toda a Europa. Em comunicados curtos e muito semelhantes publicados nas redes sociais, países como Reino Unido, Espanha, Itália ou Grécia felicitaram Donald Trump pela “vitória eleitoral histórica”, manifestaram o desejo de trabalhar com o republicano e destacaram as alianças dos respetivos estados com os EUA.

Numa mensagem que destoou da de outros líderes europeus, o primeiro-ministro da Hungria, que já tinha admitido que abriria “garrafas de champanhe perante uma vitória de Trump, elogiou “o maior regresso da história política” dos EUA. “Parabéns a Donald Trump pela sua vitória enorme. Uma vitória necessária para o mundo”, escreveu Viktor Orbán no X.

A liderança da União Europeia também foi rápida a parabenizar Trump. A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, recordou que “a UE e os EUA são mais do que apenas aliados” e que estão “ligados por uma verdadeira parceria entre os nossos povos, unindo 800 milhões de cidadãos.” Já a presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola, disse que a Europa está pronta para colaborar numa altura marcada por “desafios geopolíticos sem precedentes” e para “manter o vínculo transatlântico forte.”

Da NATO, o secretário-geral mostrou-se “desejoso” de trabalhar com Trump para “avançar a paz pela força”. “Enfrentamos um número de desafios crescentes a nível global, desde uma Rússia mais agressiva, ao terrorismo e uma competição estratégica com a China, bem como o seu crescente alinhamento de países como a China, Rússia, Coreia do Norte e Irão”, destacou Mark Rutte, citado pela Associated Press.

Destacou-se também a mensagem do ex-Presidente brasileiro Jair Bolsonaro, que disse que o republicano venceu “contra tudo e todos.” “Testemunhamos o ressurgimento de um verdadeiro guerreiro”, afirmou, acrescentando que espera que esta vitória “inspire o Brasil a seguir o mesmo caminho.” Já o atual Presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, congratulou Trump e sublinhou que o mundo “precisa de diálogo e trabalho conjunto para termos mais paz, desenvolvimento e prosperidade.”

Narendra Modi, primeiro-ministro da Índia, parabenizou o “amigo” Donald Trump, partilhando na rede social X um conjunto de fotografias ao lado do republicano. “À medida que aproveita os sucessos do seu mandato anterior, espero renovar a nossa colaboração para reforçar ainda mais a Parceria Global e Estratégica Abrangente Índia-EUA”, afirmou Modi.

Celebração e indiferença. As reações da Ucrânia e Rússia ao Médio Oriente

A escolha do novo Presidente dos EUA era acompanhada atentamente numa altura marcada por uma guerra na Europa e no Médio Oriente. Na Ucrânia, o Presidente Volodymyr Zelensky foi dos primeiros a reagir, destacando a “impressionante vitória” de Trump e o seu compromisso com uma “abordagem da ‘paz através da força’”, apesar deste já ter criticado repetidamente o volume da ajuda de Washington a Kiev. “Aguardamos por uma era em que os EUA serão fortes, com a liderança decisiva de Trump”, disse acrescentando que acredita num apoio forte de republicanos e democratas.

Uma reação bem diferente chegou da Rússia. O Kremlin, pelo seu porta-voz, recordou que os EUA não são um amigo de Moscovo e que as relações entre os dois países estão historicamente más, sendo praticamente impossível que piorem. Dmitry Peskov, que acrescentou não ter conhecimento de quaisquer planos de Vladimir Putin para felicitar Trump, disse ainda assim ser possível que os EUA mudem a trajetória da sua política externa: “Veremos em janeiro” (quando o novo Presidente tomar posse.” Por seu turno, o vice-presidente do Conselho segurança russo e ex-Presidente russo Dmitry Medvedev disse: “A Kamala está acabada.”

Do Médio Oriente também foram dirigidas várias mensagens a Trump. O primeiro-ministro israelita cumprimentou Donald e Melania Trump com “verdadeira amizade” e festejou a “enorme vitória”. “O seu regresso histórico à Casa Branca proporciona um novo começo para a América e um poderoso regresso ao compromisso com a grande aliança entre Israel e a América”, disse Benjamin Netanyahu.

Pela sua parte, o presidente da Autoridade Palestiniana, Mahmoud Abbas, deu os parabéns a Donald Trump pela vitória. “Continuamos comprometidos com a paz e temos confiança em que, com a sua liderança, os EUA apoiem as aspirações legítimas do povo palestiniano”, escreveu o Haaretz.

Já o Hamas afirmou que promessa de Trump de acabar com guerra numa questão de horas será “testada”. Um dos responsáveis do grupo, Sami Abu Zuhri, disse à Reuters que encoraja o republicano a aprender com “erros” de Biden. Por seu turno, o Irão desvalorizou as eleições norte-americanas: iranianos não sentirão “impacto”, sublinhou Fatemeh Mohajerani em declarações à agência Tasnim.