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A polícia dispersou esta quinta-feira com gás lacrimogéneo centenas de pessoas que tentavam sair do bairro de Maxaquene, nos arredores de Maputo, em direção ao centro da capital moçambicana para se manifestarem contra o resultado das eleições gerais.
O canal de televisão moçambicano STV avança que uma pessoa foi baleada num dos pontos da Avenida Joaquim Chissano, numa das esquinas com a Av. Milagre Mabote. Segundo esta informação, um blindado começou a disparar contra a população, deixando um homem ferido na orelha.
Segundo a reportagem da STV, há pneus queimados numa das avenidas principais e fumo preto no ar.
Na Praça da OMM, há uma forte presença militar, naquele que é um dos acessos possíveis à Av. Julius Nyerere, onde fica a Presidência da República de Moçambique.
A primeira carga policial, por volta das 09h20 locais (07h20 em Lisboa) levou à dispersão dos manifestantes, mas pouco depois estes voltaram a juntar-se e ripostaram ao gás lacrimogéneo lançando pedras e garrafas na direção da polícia. Nestes confrontos, pelo menos uma pessoa ficou ferida.
Há agora uma forte presença de polícia e militares nas principais ruas de Maputo e nos bairros suburbanos, com viaturas blindadas e elementos da Unidade de Intervenção Rápida (UIR). Pelas imagens do canal STV, a polícia também recorreu a gás lacrimogéneo na Estrada Nacional N4, uma das vias de acesso à cidade de Maputo.
A STV também reporta disparos de gás lacrimogéneo na Avenida Vladimir Lenine, uma das principais artérias em Maputo.
A cidade de Maputo acordou praticamente deserta, com pequenos grupos de pessoas a caminho do trabalho, apesar do encerramento quase total das atividades, e com uma forte presença de polícia e militares na rua. Às 8h (hora de Lisboa) vários grupos de manifestantes dirigiam-se para o centro da cidade.
No dia convocado pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane para uma manifestação em Maputo contra os resultados eleitorais, há uma quase total ausência de viaturas a circular no centro da cidade, ao início da manhã, e um movimento muito tímido nos subúrbios.
Também é visível uma forte presença de forças polícias e de militares, incluindo com viaturas blindadas e elementos da Unidade de Intervenção Rápida (UIR) nos locais mais sensíveis da cidade e nos bairros suburbanos, palco nos últimos dias de manifestações violentas.
Até às 8h00 locais (6h00 em Lisboa) não foram registados quaisquer tumultos na cidade e alguns trabalhadores, com as suas mochilas e marmitas, tentavam caminhar para o centro da cidade, dada a ausência de transportes.
Tal como acontece há uma semana, esta quinta-feira registam-se novamente fortes condicionalismos no acesso à Internet, nomeadamente redes sociais.
O anúncio pela Comissão Nacional de Eleições (CNE) de Moçambique a 24 de outubro, em que atribuiu a vitória a Daniel Chapo, apoiado pela Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, partido no poder desde 1975) na eleição a Presidente da República, com 70,67% dos votos, espoletou protestos populares, convocados por Venâncio Mondlane.
Segundo a CNE, Mondlane ficou em segundo lugar, com 20,32%, mas este afirmou não reconhecer os resultados, que ainda têm de ser validados e proclamados pelo Conselho Constitucional.
Após protestos nas ruas que paralisaram o país, Mondlane convocou novamente a população para uma paralisação geral de sete dias, desde 31 de outubro, com protestos nacionais e uma manifestação concentrada em Maputo convocada para esta quinta-feira.
A Ordem dos Advogados de Moçambique alertou que “existem todos os condimentos” para que haja “um banho de sangue“, apelando a “um diálogo genuíno” para que isso não aconteça.
Esta quinta-feira cumpre-se o oitavo dia de paralisação e manifestações em todo o país, com a generalidade a levar à intervenção da polícia, que dispersa com tiros e gás lacrimogéneo, enquanto os manifestantes cortam avenidas, atiram pedras e incendeiam equipamentos públicos e privados.