Ana Paula Martins afirmou, na terça-feira, que “não esperava” a greve dos técnicos de emergência pré-hospitalar (TEPH) às horas extra. A paralisação, suspensa esta quinta-feira, durou pouco mais de uma semana e causou atrasos no atendimento que podem ter levado a mortes, sob investigação. Mas o sindicato que representa estes profissionais (STEPH) avisou a ministra da Saúde no dia 10 de outubro, a mesma data em que apresentou um prazo de dez dias para encetar negociações, contactos que nunca tiveram resposta, avança o Expresso.
INEM. Sindicato dos técnicos de emergência terminam greve depois de reunião com ministra da Saúde
O STEPH enviou um email, que notificava o ministério para a formalização do pré-aviso de greve para dia 30 de outubro, mas, na mesma mensagem enviada a 10 de outubro, detalhava as suas reivindicações e anunciava que a paralisação só seria formalizada no dia 20. Estes dez dias tinham como objetivo permitir “alguma margem a V. Exas. para eventuais medidas que possam reverter as ações reivindicativas“, segundo cita o semanário. A mensagem foi enviada para a ministra, o seu chefe de gabinete, as duas secretárias de Estado e o presidente do INEM. O presidente do STEPH, Rui Lázaro, afirma ao Expresso que este pedido para negociar “foi ignorado”.
O pré-aviso foi enviado no mesmo dia para todas as entidades necessárias e, sem respostas, a greve começou no dia 30. Só esta quarta-feira é que o ministério da Saúde chamou o sindicato para uma reunião negocial de emergência, que alcançou frutos: a greve às horas extra foi suspensa “de imediato”, esta quinta-feira.
A emergência da reunião convocada por Ana Paula Martins terá sido fruto da crise que se desenhou durante os oito dias de paralisação: os tempos de espera na linha 112 aumentaram para uma média de mais de 30 minutos e foram registados atrasos no atendimento. Sete pessoas morreram, depois de terem contactado o 112, contactos em que foram relatadas demoras. Os incidentes já levaram à abertura de inquéritos pela Inspeção-Geral de Atividades em Saúde aos quais se somam uma investigação do Ministério Público, a uma das mortes, registada em Almada, para averiguar uma possível relação entre os atrasos e as mortes.