Portugal vai enviar, esta terça-feira, uma força conjunta de proteção civil e forças armadas com mais de 100 operacionais para ajudar nas operações que decorrem em Valência, Espanha, após as inundações de há duas semanas.
Em comunicado conjunto, os ministérios da Defesa Nacional e o da Administração interna adiantam que a força será constituída por 101 operacionais da proteção civil, bombeiros, Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) e 28 militares dos três ramos das Forças Armadas, estando a partida prevista para esta terça-feira de manhã em Vendas Novas, no distrito de Évora.
Esta ajuda, que partiu ao final da manhã, das instalações do Regimento de Artilharia nº 5 de Vendas Novas, foi enviada ao abrigo do pedido de ajuda internacional ao Mecanismo de Proteção Civil da União Europeia.
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“A Força Conjunta estará equipada com 40 veículos, dos quais 28 são operados por elementos da proteção civil, entre os quais, três retroescavadoras, uma motobomba de lama alto débito, seis eletrobombas de esgoto, uma motobomba esgoto de alto débito, um modulo de bombagem de lamas, cinco eletrobombas para lama”, referem os dois ministérios.
Por sua vez, Marinha, Exército e Força Aérea “enviam 12 veículos, designadamente, duas retroescavadoras, uma bomba de esgoto alto débito, duas motobombas esgoto, duas bombas esgoto pequeno débito, uma escavadora giratória, uma pá carregadora de rodas, dois camiões de transporte de terras e um Bobcat”.
O governo regional da Comunidade Valenciana, em Espanha, pediu, na segunda-feira, meios ao resto do país para desobstruir de lodo e água a rede de saneamento e evitar “problemas graves de saúde pública”, após as inundações de 29 de outubro.
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Governo: Portugal envia força conjunta para fazer “a diferença”
A Força Conjunta de Proteção Civil e das Forças Armadas (FOCON) que Portugal enviou esta terça-feira para Valência, em Espanha, após as inundações, vai fazer “a diferença” no auxílio à reposição da normalidade, afiançou o Governo.
“Em menos de 24 horas, conseguimos constituir esta força, que estamos certos que fará a diferença naquilo que é o auxílio à reposição da normalidade em Valência”, salientou o secretário de Estado da Proteção Civil, Paulo Ribeiro.
Em declarações aoes jornalistas, em Vendas Novas, no distrito de Évora, à margem da cerimónia que marcou a partida desta força conjunta para a região de Valência, o governante elogiou a rapidez com que esta resposta ficou operacional.
“Os portugueses têm sempre essa grande marca de solidariedade, disponibilidade e a prontidão de todas as forças, desde as forças de proteção civil até às forças armadas, foi exemplar”, disse.
Na cerimónia de despedida da FOCON, em que também esteve presente Álvaro Castello-Branco, secretário de Estado Adjunto e da Defesa Nacional, Paulo Ribeiro considerou “importante” o envio destes operacionais: “É a demonstração da solidariedade de Portugal e do povo português e de todas estas forças”.
“Portugal desde o início que manifestou a disponibilidade para auxiliar os nossos irmãos espanhóis. Foi agora que foi acionado o dispositivo e, no âmbito do Mecanismo Europeu de Proteção Civil, faremos tudo para que possamos ajudar a repor a normalidade depois da tragédia que se abateu em Valência”, afirmou.
A força dá resposta às necessidades manifestadas por Espanha e vai ao encontro das capacidades de Portugal, acrescentou o governante.
A FOCON parte com uma “projeção mínima de sete dias”, mas, “se for necessário mais, teremos que adequar essa participação a mais de sete dias”, admitiu ainda o secretário de Estado.
Já o comandante da força conjunta, José Ribeiro, que é comandante regional de emergência e proteção civil do Alentejo, esclareceu que o dispositivo integra “valências essencialmente na área da bombagem e na área da desobstrução”.
“Esta força vai ser empenhada na região de Valência essencialmente em duas áreas que são nesta altura absolutamente críticas” para a “recuperação e reposição da normalidade”, disse.
Os 40 veículos mobilizados incluem retroescavadoras, uma motobomba de lama alto débito, eletrobombas e motobombas de esgoto e de lamas, módulo de bombagem de lamas, pá carregadora de rodas ou camiões de transporte de terras, entre outros.
“As bombas que temos são essencialmente para lamas. É uma zona muito afetada pela precipitação intensa, portanto teremos nas zonas baixas uma acumulação de água e de detritos também e, aí, a bombagem vai ser fundamental”, considerou o comandante.
Além disso, acrescentou, “como ocorreu o arrastamento de muitos detritos”, a maquinaria também vai servir “para fazer a sua remoção, abertura de acessos, repor aquilo que é a normalidade naquelas comunidades e levar também esse sinal de esperança ao povo irmão de Espanha”.
Uma vez que a região de Valência fica “no outro lado da Península Ibérica”, José Ribeiro estimou “um tempo de deslocação entre as 12 e as 14 horas” até ao teatro de operações.
Duas semanas após as inundações, em que morreram mais de 220 pessoas, continuam os trabalhos de limpeza das zonas afetadas e sucedem-se os alertas e recomendações às populações por temor a problemas de saúde pública.
As inundações no sudeste de Espanha na semana passada causaram danos em 78 municípios, 75 dos quais na região autónoma da Comunidade Valenciana, segundo dados atualizados pelo Governo espanhol.