Matt Gaetz foi nomeado para o cargo de procurador-geral. Mas a sua entrada da administração pode não estar garantida dada a resistência que o seu nome enfrenta no Congresso, entre democratas e republicanos. O congressista estava sob investigação do Comité de Ética da Câmara dos Representantes, mas, ao ter apresentado a demissão do cargo, a investigação devia cessar imediatamente e o relatório não seria publicado. Não é isso que vai a acontecer: o Comité vai a votos na sexta-feira para decidir se o relatório deve ser publicado na mesma, dada a relevância do caso, avança a CBS.

Em causa estavam acusações de conduta sexual imprópria, uso de drogas e obstrução às investigações federais sobre o caso. Quatro mulheres relataram ao Comité que foram pagas para frequentar festas, consumir drogas e ter relações sexuais com Gaetz, a troco de dinheiro. Uma das vítimas tinha 17 anos na altura dos alegados crimes, relataram fontes com conhecimento das audições internas à CBS em junho. Antes, o caso já tinha sido investigado a nível federal e Departamento de Justiça tinha considerado acusar Gaetz de tráfico sexual, uma queixa que acabou por não avançar.

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O presidente do comité judiciário do Senado, o democrata Dick Durbin, já tinha pedido esta quinta-feira ao Comité de Ética da câmara baixa do Congresso que preservasse o relatório e todos os documentos, apesar de Gaetz ter apresentado a demissão. “Não podemos permitir que estas informações valiosas de uma investigação bipartidária seja escondida do povo americano. Não se enganem: pode ser relevante para a sua confirmação como procurador-geral dos Estados Unidos e para a nossa responsabilidade constitucional de aconselhamento e consentimento”, apelou Durbin, citado pelo New York Times.

Esta afirmação do senador democrata explica-se com o facto de as escolhas do Presidente eleito Donald Trump para a sua administração terem de ser aprovadas através de uma votação no Senado. Mesmo com uma maioria republicana na câmara alta, a sua aprovação não está garantida, se a reação dos senadores republicanos à sua nomeação for indício. Barrasso, do Wyoming notou “a decisão arrojada”, Graham da Carolina do Sul disse que “teria de pensar sobre ele”. Cramer, da Dakota do Norte, foi ainda mais longe: “Há uma série de problemas. Os antecedentes investigados pelo FBI são muito intensos para um procurador”. A maior parte concordou que o nome de Gaetz precisava de ser bem analisado, destaca a CNN.

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Tenha sido uma resposta ao apelo de Durbin ou à reação crítica dos seus pares, a verdade é que o Comité de Ética vai mesmo votar sobre se torna públicos os documentos. A votação será na sexta-feira e só depois se saberá se o acesso de Matt Gaetz ao cargo de procurador — que JD Vance definiu como o “número 2” da administração — vai ter ainda mais obstáculos ou não.