O Governo português defendeu esta segunda-feira que eventuais esforços da União Europeia sobre a situação em Moçambique, com uma onda de protestos após as eleições, devem visar “a paz” e o respeito pela vontade do povo, reiterando “grande preocupação”.
“Consideramos que os esforços que possam ser feitos pela União Europeia devem ser feitos fundamentalmente para tentar, por um lado, preservar a estabilidade e a paz e para assegurar que essa posição e que a vontade do povo de Moçambique seja respeitada”, disse a secretária de Estado dos Assuntos Europeus, Inês Domingos.
Falando aos jornalistas portugueses em Bruxelas no final de um Conselho de Negócios Estrangeiros, a governante referiu que Portugal mantém a sua “grande preocupação” pelas manifestações em Moçambique, que começaram no final de outubro.
“Queremos ter a certeza que os resultados refletem, de facto, a opinião do povo moçambicano, isso não muda”, adiantou Inês Domingos.
A responsável aludia às eleições gerais moçambicanas de 9 de outubro de 2024, com membros da oposição e observadores independentes a questionarem sobre eventual fraude eleitoral, e protestos contestando os resultados que a polícia tem vindo a reprimir violentamente.
Na reunião dos chefes da diplomacia da UE esta segunda-feira, foi aprovado um apoio adicional de 20 milhões de euros para as forças do Ruanda no combate ao terrorismo em Cabo Delgado, em Moçambique, por se considerar que este destacamento “tem sido fundamental”.
Pelo menos cinco pessoas morreram e outras 37 ficaram feridas em 51 manifestações registadas nos últimos cinco dias de contestação dos resultados eleitorais em Moçambique, anunciou esta segunda-feira a polícia moçambicana.
As manifestações têm sido convocadas pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane, que nega a vitória de Daniel Chapo, apoiado pela Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, no poder), dado como vencedor, com 70,67 % dos votos, segundo resultados anunciados pela Comissão Nacional de Eleições (CNE).
Mondlane ficou em segundo lugar, com 20,32%, mas não reconhece os resultados, que ainda têm de ser validados e proclamados pelo Conselho Constitucional, o qual não tem prazos para esse efeito e ainda está a analisar o contencioso.
Após protestos nas ruas que paralisaram o país nos dias 21, 24 e 25 de outubro, Mondlane convocou novamente a população para uma paralisação geral de sete dias, desde 31 de outubro, com protestos nacionais e uma manifestação concentrada em Maputo no passado dia 07, que provocou o caos na capital, com diversas barricadas, pneus em chamas e disparos de tiros e gás lacrimogéneo pela polícia, durante todo o dia, para dispersar os manifestantes.
Venâncio Mondlane anunciou que as manifestações de protesto são para manter até que seja reposta aquela que classificou como verdade eleitoral.
Dezenas manifestaram-se em Lisboa contra alegada fraude eleitoral em Moçambique