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A força aérea ucraniana acusou a Rússia de ter lançado um míssil balístico intercontinental contra a região de Dnipro, na Ucrânia. Fontes ocidentais admitem que o míssil pode não ter sido do tipo intercontinental, mas Volodymyr Zelensky já respondeu que “todas as características apontam para que seja. A Rússia ainda não comentou.
As forças ucranianas anunciaram na manhã desta quinta-feira que foi lançado contra “fábricas e infraestruturas críticas” na cidade de Dnipro, no centro da Ucrânia, um míssil balístico intercontinental, um aerobalístico e sete mísseis de cruzeiro. As defesas ucranianas conseguiram abater seis dos sete mísseis de cruzeiro, mas não intercetaram o míssil aerobalístico (Kinzhal) nem o míssil balístico intercontinental, que são dois dos mais sofisticados do arsenal russo. Segundo a Força Aérea ucraniana, os mísseis não disparados não causaram danos “substanciais”.
Anteriormente, as autoridades da região de Dnipropetrovsk, da qual Dnipro é a capital, relataram um ataque massivo que acusou danos a “uma infraestrutura industrial” na cidade.
Este ataque centrado no Dnipro ocorre depois de, pelo menos, os EUA, Espanha, Itália, Grécia e Portugal terem fechado as suas embaixadas em Kiev na quarta-feira devido ao perigo de um ataque russo massivo contra o território ucraniano.
Mísseis britânicos de longo alcance disparados pela primeira vez pela Ucrânia contra a Rússia
Fontes ocidentais admitem que míssil possa não ser intercontinental. Moscovo não comentou
Algumas horas depois do alegado ataque com um míssil balístico intercontinental, fontes ocidentais puseram em causa, em declarações à Skynews e à ABC, que algum dos mísseis lançados tenha sido de tipo intercontinental. De acordo com as fontes ouvidas pelos dois meios de comunicação, tratou-se de um ataque com recurso a mísseis balísticos, mas nenhum intercontinental.
Volodymyr Zelensky viria a responder que “todas as características”, incluindo a velocidade e a altitude, são de um míssil balístico intercontinental. Está em curso uma investigação, disse ainda.
No Telegram, o Presidente ucraniano acusou a Rússia de estar a usar “mísseis novos” e a usar a Ucrânia como um “campo de treino”. Zelensky refere que esta quinta-feira foi lançado um “novo rocket russo” e que tem “todas as características” de um míssil balístico intercontinental — na velocidade e na altitude. Adianta, no entanto, que está em curso uma investigação.
“É óbvio que Putin está a usar a Ucrânia como um campo de treino”, atirou mesmo o líder ucraniano, numa publicação no Telegram. Zelensky apelida a Rússia como o “vizinho louco” que “mais uma vez mostrou o que realmente é e como despreza a dignidade, a liberdade e as vidas da população no geral”. Diz mesmo que Putin também mostrou ter “medo”.
De Moscovo ainda não se ouviu uma reação. O porta-voz do Kremlin, Dimitri Peskov, recusou esta manhã comentar o alegado lançamento do primeiro míssil balístico intercontinental. “Neste momento, não tenho nada a dizer sobre esse tópico”, respondeu Peskov a um pedido de comentário aos militares russos.
A mesma posição foi tomada pela porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros russo, Maria Zakharova, mas num episódio caricato. A CNN Internacional conta que Zakharova atendeu o telefone enquanto respondia às perguntas dos jornalistas numa conferência de imprensa. Do outro lado, alguém — que a CNN não consegue identificar — a instruiu a não comentar o ataque na região ucraniana de Dnipropetrovsk.
A CNN transcreve a conversa:
— “Olá. Sim, estou num briefing”, disse ao atender a chamada.
Os repórteres no local ouviram a voz masculina a responder-lhe que houve um “ataque com míssil balístico em Yuzmash”, o nome soviético de Pivdenmash, uma fábrica aeroespacial em Dnipro. O homem diz que é “proibido falar sobre [o assunto] — não comente de todo”.
Zakharova respondeu-lhe: “Sim, obrigada”. E desligou. A CNN sublinha que não é claro se o telefonema foi encenado ou se Zakharova revelou involuntariamente informação sobre o ataque noturno contra a Ucrânia.
À Tass, Zakharova tentou explicar-se. “Antes do briefing, foram colocadas questões sobre matéria contraditória na internet. Verifiquei com peritos se isso era do nosso âmbito. A resposta veio durante o briefing — o Ministério dos Negócios Estrangeiros não comenta. Portanto, não há qualquer intriga”, disse, citada pela CNN Internacional.