O novo espaço de comentário de António José Seguro na CNN arrancou com a ideia de que o antigo líder do PS continua em “reflexão” sobre uma possível candidatura às eleições presidenciais. E com um aviso: se avançar, não será “refém de nenhum partido“, considerando-se livre das amarras que essa associação poderia trazer.
Nesta estreia, que aconteceu no dia em que foi noticiado que em dezembro Seguro terá um almoço com elementos da maçonaria, o antigo secretário-geral socialista quis frisar que se avançar será de forma “individual”.
“As candidaturas são individuais, não são de partidos. Numa eventual candidatura minha, sou muito claro: não sou refém de nenhum partido nem de nenhuma organização, sou um homem livre, o compromisso é com os portugueses e com os meus valores”, atirou. “Uma eventual candidatura minha é de um homem livre, com convicções, num momento difícil do país e do mundo”.
E voltou à mesma ideia ao ser questionado sobre as palavras de Pedro Nuno Santos, que, depois de ter lançado o seu nome como hipotético candidato, disse ter sido um erro falar em nomes. Seguro desvalorizou a referência ao “erro”: “Não interpretei assim as palavras do líder do PS. Intepretei-as de forma simples e coerente com o que ele tem dito: não há candidaturas de partidos, há de pessoas. O cargo é uninominal”.
Da parte de Seguro ficou a promessa: a ponderação que está a fazer não tem data para terminar, mas quando decidir anunciará essa mesma decisão no seu espaço de comentário “em primeira mão”.
Quanto aos restantes protocandidatos, incluindo os da área socialista — Augusto Santos Silva e Mário Centeno –, comentou apenas que já são falados “há imenso tempo”, mas que este é precisamente o “tempo” para que essa reflexão aconteça. Só mais tarde tecerá considerações sobre as “motivações” de cada candidato.
Seguro aproveitou ainda o seu espaço de comentário para fazer uma espécie de ajuste de contas e criticar quem tem referido de forma descontextualizada, a propósito da discordância entre PS e PSD sobre a descida transversal do IRC, que no seu tempo como líder fez um acordo (depois rasgado) com os sociais democratas para baixar o imposto.
Ora numa altura em que a discussão sobre o IRC é o “elefante na sala” e a “questão central da estabilidade política”, Seguro assegurou que tem assistido a “muita falta de memória” em relação ao acordo que assinou há onze anos. “Não era um corte cego”, frisou, relembrando que a situação do país, com 15,4% de desemprego e um “enorme aumento de impostos” em vigor, era muito diferente. “A minha responsabilidade era o emprego em primeiro lugar, criar condições para que quem cria emprego pudesse ter algum apoio”, explicou.
Além disso, quis lembrar que havia mais detalhes no acordo — como a derrama de 7% para empresas com lucros superiores a 35 milhões de euros — e outras condições, que envolviam também uma descida do IRS e do IVA da restauração. “Os analistas devem preparar-se e ter memória”, atirou.
Neste comentário, Seguro defendeu que haja um acordo sobre “política fiscal”, porque é importante para a “previsibilidade do investimento”. E definiu-se como “o homem da convergência”, dizendo-se satisfeito por ver as cedências que levarão à viabilização do Orçamento do Estado: “Hoje o país tem de se felicitar. Não é uma felicidade chegar ao fim do processo e perceber que Governo e PS conseguiram pôr interesse nacional à frente e dar um OE ao país?”. Na Saúde, uma ideia semelhante: é preciso que acabe a “partidarite” para que se construa um plano concreto e plurianual.
Ainda sobre OE, Seguro aproveitou ainda para comentar a “chaga social” que são as “pensões de miséria” que muitos reformados ainda recebem, garantindo que o aumento das pensões proposto pelo PS e aprovado pelo Parlamento terá uma “consequência orçamental mínima” e será “perfeitamente acomodável no saldo orçamental previsto”.
Pedro Nuno foi o primeiro a falar de Seguro. Agora diz que foi “um erro falar de nomes”