Maria Armanda Falcão nasceu em Moçambique, no dia de Natal de 1917, mas Vera Lagoa só ganhou vida 49 anos depois, à mesa de um restaurante no Bairro Alto, batizada pelo escritor e amigo Luís de Sttau Monteiro. “Vera” por ser verdadeira. “Lagoa” porque calhou ser esse o vinho que acompanhava a refeição.
Precisou de mudar de nome para assinar as crónicas que, no final dos anos 1960, começou a publicar no Diário Popular. Francisco Pinto Balsemão, então administrador do jornal, gostou da ousadia da mulher, que lhe bateu à porta e se ofereceu para escrever regularmente, mas impôs-lhe uma condição: ia ter de escolher um nome mais sonante e com personalidade. Já o título para as crónicas, de costumes, foi ele mesmo quem decidiu: “Bisbilhotices”.
Nesses textos, que pretendiam ser sobre as festas e os rostos da alta sociedade portuguesa, Vera Lagoa teceu inúmeras críticas, mais ou menos veladas, ao Estado Novo. Como Maria Armanda Falcão ou na persona que criou para os jornais, afrontou Salazar, desafiou os militares de Abril e ridicularizou os que se achavam donos do país.
Ao longo da vida inteira, Vera Lagoa fez questão de provocar — e de não ter medo. Garantia que era “anti-poder”, nem de esquerda, nem de direita, e que se “limitava a dizer as verdades”.
“A Grande Provocadora” conta a história dela. É uma série para ouvir em cinco episódios que faz parte dos Podcast Plus do Observador e tem narração do ator José Mata e banda sonora original de Moullinex.
Pode ouvir todos os episódios aqui:
“A bisbilhoteira que faz tremer o país”
Estreia. “A Grande Provocadora”. Episódio 1: A bisbilhoteira que faz tremer o país
“A mãe de família que esconde comunistas em casa”
Episódio 2. A mãe de família que esconde comunistas em casa | A Grande Provocadora
“A segunda mulher mais bonita de Lisboa”
Episódio 3. A segunda mulher mais bonita de Lisboa | A Grande Provocadora
“A agitadora que escapou a quatro bombas”
Episódio 5. A agitadora que escapou a quatro bombas | A Grande Provocadora