O Presidente angolano disse, esta quinta-feira, que espera da visita do seu homólogo americano, Joe Biden, na próxima semana a Angola, “um estreitamento maior das relações, de amizade e de cooperação”, já existente entre os dois países.
João Lourenço, em entrevista ao The New York Times no âmbito da visita que o Presidente dos Estados Unidos da América, Joe Biden, realiza de 2 a 4 de dezembro , salientou que quando um chefe de Estado americano visita um país transmite um sinal de confiança para o empresariado americano.
“No fundo, o Presidente Joe Biden vem abrir o caminho do investimento privado americano a Angola. Até aqui, o que nós temos vindo a verificar ao longo de décadas é que o investimento americano em Angola está mais virado para o setor petrolífero e esperamos que com esta visita haja uma maior diversificação do investimento privado americano em Angola”, frisou.
Questionado se a saída de Joe Biden tira algum significado a esta visita, João Lourenço rejeitou esta tese, “porque até ao dia 20 de janeiro do próximo ano, o Presidente americano é o Presidente Joe Biden”, além de que “nas relações entre Estados pode haver mudanças das pedras no tabuleiro do xadrez, mas quando as relações são entre Estados elas têm, em princípio, a garantia de continuidade”.
“Não estamos preocupados com o facto de o Presidente Joe Biden estar em fim de missão”, disse, sublinhando que a partir de janeiro não apenas Angola, mas o resto do mundo vai ter que trabalhar com Donald Trump “se quiser manter relações com os Estados Unidos da América”, escusando-se a comentar a futura relação de Donald Trump com África e as suas políticas.
Segundo João Lourenço, com o Presidente Biden as relações entre os dois países “deram um salto bastante grande”.
“No que diz respeito a Angola nós vamos trabalhar no sentido de, não só manter, como de preferência melhorar ainda mais o nível das relações, de amizade e cooperação que temos entre Angola e os Estados Unidos da América. Tudo depende dos homens, do nosso lado vamos fazer esse esforço e pensamos que, em princípio seremos também correspondidos pela parte americana”, acrescentou.
João Lourenço disse que Angola pretende atrair investimento americano para o desenvolvimento da sua economia, bem como “abrir as portas do mercado americano para os investidores angolanos”.
“Por todas estas razões tínhamos necessariamente que dar este passo, pode ter pecado apenas por ser tardio, mas como se costuma dizer antes tarde do que nunca”, realçou.
O chefe de Estado angolano disse que a aproximação aos Estados Unidos da América, desde o tempo que foi secretário-geral do MPLA, partido no poder, e ministro da Defesa, não é de interesse pessoal, mas porque “alguém tinha que dar um passo em frente e esperar pela reação da outra parte”.
“Se éramos bem recebidos ou não, e, no caso, devo dizer que na visita que fiz ao Pentágono fui muito bem recebido, isso encorajou-me, hoje já noutra posição, de chefe de Estado, a prosseguir com esta relação”, frisou.
Relativamente à participação dos Estados Unidos da América no Corredor do Lobito, João Lourenço destacou a sua importância estratégica, não apenas para Angola, para África, mas para o mundo, pelo facto de ligar os oceanos Índico e Pacífico, encurtando a ligação entre a Ásia e a América.
De acordo com João Lourenço, o Corredor do Lobito traz também vantagens para o país na medida em que “vai impulsionar o desenvolvimento económico de Angola no geral, mas particularmente nas províncias por onde o Caminho-de-Ferro de Benguela passa, apoiando a exportação de produtos agrícolas e desenvolvendo os setores da agricultura e indústria.
O chefe de Estado angolano realçou que a China não foi afastada desse projeto do Corredor do Lobito, apenas não venceu o concurso público, que foi ganho por um consórcio de empresas europeias.
Corredor do Lobito, saúde, segurança e agronegócio na visita de Biden a Angola