A Secretaria Regional de Saúde e Proteção Civil da Madeira repudiou este sábado as declarações do PS sobre o combate ao incêndio de agosto, reiterando que a operação “correu bem”.
“Reiteramos que o combate ao incêndio correu bem, pois, felizmente, não houve habitações consumidas, vítimas a lamentar, nem registo de destruição de infraestruturas essenciais. O mais importante, como em qualquer resposta em situações de catástrofe, foi alcançado”, declarou a tutela, numa nota enviada às redações.
Em reação às críticas feitas este sábado pelo líder do PS/Madeira, Paulo Cafôfo, a Secretaria Regional da Proteção Civil, sem nunca especificar o partido a que se refere, diz que “as afirmações do partido político evidenciam falta de clareza com a realidade dos factos e servem apenas os seus interesses partidários, internos e familiares”.
“Repudiamos as tentativas denegrir o trabalho realizado com o objetivo de obter ganhos políticos. Estas declarações são desrespeitosas perante todos aqueles que incansavelmente trabalharam para combater e minimizar os impactos do incêndio”, lê-se na nota.
A secretaria regional salienta ainda que este sábado terminou “mais uma edição Curso de resposta a situações de catástrofe, conhecido como MRMI — Medical Response to Major Incidents, para o qual os partidos políticos foram desafiados a participar”, apontando que “nenhum elemento deste partido se propôs a participar”.
“Isso é demonstrativo da sua falta de interesse em conhecer a realidade daqueles que estão verdadeiramente no terreno para assegurar a resposta a situações adversas”, conclui.
O presidente do PS/Madeira acusou este sábado o Governo Regional (PSD) de esconder informações acerca do incêndio de grandes dimensões que atingiu a região em agosto, referindo que a comissão de inquérito tem demonstrado que existem mentiras, contradições ou ocultações.
Paulo Cafôfo falava na freguesia da Serra de Água, concelho da Ribeira Brava, onde o fogo teve início em 14 de agosto, numa iniciativa política para chamar a atenção do que considera ser “um processo muito pouco claro”.
“O Partido Socialista tudo tem feito para, com a comissão de inquérito que temos na Assembleia Regional, esclarecer os madeirenses daquilo que aconteceu. E aquilo que aconteceu está envolto em algum obscurantismo porque aquilo que tem acontecido é: ou há mentiras, ou há contradições ou há ocultações”, afirmou.
O presidente do PS/Madeira deu como exemplo o facto de o secretário regional com a tutela da Proteção Civil, Pedro Ramos, ter afirmado, em 29 de outubro, que ainda não estava concluído o relatório sobre o incêndio e, na quinta-feira passada, o presidente do Serviço Regional de Proteção Civil ter revelado que o documento “já estava feito e pronto no dia 17 de outubro”.
“Ou seja, o secretário regional faltou à palavra e aquilo que parece que existe é tentar uma cortina de fumo […] relativamente à ação do Governo Regional”, criticou.
Paulo Cafôfo reafirmou que o combate ao incêndio “não foi um sucesso”, ao contrário do que tem defendido o executivo madeirense liderado por Miguel Albuquerque, sustentando que “os próprios especialista que têm ido à comissão de inquérito são perentórios a dizer que houve uma má gestão”.
Questionado se considera que o Governo social-democrata tem “alguma coisa a esconder”, o presidente do PS/Madeira respondeu que “procuraram esconder tudo e mais alguma coisa”, justificando com o facto de Miguel Albuquerque responder por escrito à comissão de inquérito e com os casos de alegado impedimento de jornalistas em alguns locais do fogo.
O incêndio rural deflagrou na ilha da Madeira em 14 de agosto, nas serras do município da Ribeira Brava, propagando-se progressivamente aos concelhos de Câmara de Lobos, Ponta do Sol, na zona oeste da Madeira, e Santana, na costa norte. No dia 26, foi declarado “totalmente extinto”.
Apesar de não haver registo de feridos ou destruição de casas e infraestruturas públicas essenciais, os estragos ao nível da agricultura, da pecuária e da apicultura afetaram cerca de 200 produtores.
Por outro lado, 120 moradores da Fajã das Galinhas, no concelho de Câmara de Lobos, foram retirados do local e continuam impedidos de regressar a casa.