Depois do Movimento que garantiu a eleição de Rui Moreira para a Câmara Municipal do Porto ter indicado que tinha sido aprovado apresentar uma candidatura independente nas próximas eleições, o CDS demarcou-se desta posição, dividindo o movimento.

Na sexta-feira, tal como avançou o Observador, o movimento independente do presidente da Câmara do Porto reuniu-se em assembleia geral e aprovou por unanimidade uma candidatura à Câmara do Porto, mesmo sem Rui Moreira, que já não se pode candidatar. O Movimento dizia que a decisão tinha sido tomada numa reunião com mais de 150 associados do movimento, entre os quais se encontrava o vice-presidente da autarquia, Filipe Araújo — o nome mais falado dentro do grupo para avançar com uma candidatura — e vários militantes do CDS.

Só que, depois dessa indicação, o CDS e o grupo de militantes integrantes do movimento demarcaram-se dessa candidatura. Em comunicado, assinado por Catarina Araújo, membro da direção da Associação Cívica Porto, o Nosso Movimento, militante do CDS-PP e em representação de um grupo de militantes do CDS-PP, esses elementos vêm agora dividir o movimento, dizendo que “⁠nunca foi propósito decidir para já uma candidatura autónoma, ou liderante do Movimento, às próximas eleições autárquicas”, mas tão só “afirmar a vontade de manter o Movimento como parte dessa discussão, integrando um novo projeto, em conjunto também com partidos políticos, tendencialmente o PSD e o CDS, com vista a poder continuar a influenciar os destinos autárquicos do Porto, assegurando uma visão que consideramos essencial no futuro, como vem sendo há três mandatos”.

Tendo o CDS apoiado “desde o primeiro dia” o projeto de Rui Moreira, o comunicado esclarece que “a Associação Porto, o Nosso Movimento nasceu com o propósito de enquadrar institucionalmente este projeto e as pessoas que o sustentaram, nele se incluindo perto de duas centenas de militantes e simpatizantes do CDS-PP”. Mas, pela regra de limitação de mandatos, Rui Moreira não se pode recandidatar e assim “abre-se agora um novo ciclo, sendo legítimo que este movimento cívico continue a pretender ter uma palavra em relação ao futuro autárquico do Porto”. Mas, acrescenta, “a liderança do dr. Rui Moreira era a essência da Associação Porto, o Nosso Movimento, um elemento catalisador preponderante”.

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Na leitura deste grupo de centristas a assembleia-geral de sexta-feira, marcada para aprovar contas e orçamento, ficou apenas “sugerido abordar o posicionamento da Associação cívica nas próximas eleições autárquicas, tendo sido recomendado que fosse dado início à discussão sobre o seu papel nas próximas eleições autárquicas”. E, face às notícias, distancia-se da candidatura. “Nunca foi propósito decidir para já uma candidatura autónoma”.

Conforme o Observador escreveu em agosto a candidatura do Movimento à Câmara Municipal do Porto será cada vez mais improvável, já que torna-se difícil a mobilização da equipa em torno de um candidato próprio. O CDS sempre apoiou Rui Moreira, mas agora quererá estar associado a uma candidatura organizada pelo PSD, num entendimento à direita. Em agosto, o Observador avançava com dois nomes possíveis para essa candidatura: Miguel Guimarães, antigo bastonário da Ordem dos Médicos e agora deputado social-democrata, e Pedro Duarte, escolhido por Luís Montenegro para ser ministro dos Assuntos Parlamentares.

Pedro Duarte pode aproveitar vazio deixado por Rui Moreira no Porto