A corrida autárquica no Porto, onde se vai disputar a liderança da autarquia no pós-Rui Moreira, está a ficar mais renhida. Esta sexta-feira, o movimento independente do presidente da Câmara do Porto reuniu-se em assembleia geral e aprovou por unanimidade uma decisão que pode complicar a vida aos partidos no Porto: mesmo sem Rui Moreira, o movimento quer concorrer às autárquicas de 2025.

A decisão foi tomada numa reunião com mais de 150 associados do movimento, entre os quais se encontrava o vice-presidente da autarquia, Filipe Araújo — o nome mais falado dentro do grupo para avançar com uma candidatura — e vários militantes do CDS.

Na moção, a que o Observador teve acesso, lê-se que a criação da associação teve como objetivo apoiar o movimento independente de Rui Moreira e “servir de seu escudo político”, mas entende-se que o seu objetivo “não se esgota no final deste mandato”. E acrescenta-se que o movimento “transformou o Porto nestes últimos onze anos, concretizando ambições há muito desejadas pelos portuenses”.

O documento frisa também a importância que o “caráter livre, independente e sem amarras político-partidárias” da gestão da autarquia foi “determinante” para chegar a estes resultados. Por isso, e considerando que as autárquicas de 2025 serão “muito importantes” para o futuro da cidade e para o legado do movimento de Moreira, a Assembleia Geral concluiu: “Este grupo de cidadãos tem a experiência e a competência necessárias para garantir que este caminho de melhoria e de progresso tem continuidade no tempo”.

A proposta final do documento, apresentado por Miguel Gomes, que fez parte do núcleo fundador do movimento, passa por mandatar o presidente — Filipe Araújo — para “criar as condições de candidatura deste movimento independente aos órgãos autárquicos do Porto, apresentando um projeto para a cidade e estabelecendo conversações com todos aqueles que se revejam numa proposta de gestão independente da cidade”. O que vem complicar as contas à direita, que deverá agora poder contar com mais um concorrente, fora dos partidos, a disputar o ciclo pós-Rui Moreira.

Dentro do movimento há quem recorde o caso de Coimbra, onde o independente José Manuel Silva ganhou a autarquia com apoio do PSD e do CDS, como um modelo a seguir; e quem comente que haveria nomes, como o de José Pedro Aguiar-Branco, que poderiam fazer o grupo repensar a ideia de avançar com candidatura própria, considerando que o seu espaço político poderia ficar mais ocupado. Mas com Aguiar-Branco fora da corrida, uma vez que se auto-excluiu, a convicção é que haverá condições para lançar uma candidatura com boas hipóteses de ganhar.

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