Pelo menos 56 pessoas morreram este domingo durante violentos confrontos entre adeptos na sequência de um jogo de futebol na cidade de N’Zérékoré, na Guiné-Conacri.

De acordo com a agência Reuters, este é ainda um balanço provisório feito pelas autoridades guineenses. Há relatos que apontam para a possibilidade de ter morrido uma centena de pessoas.

Citando uma fonte que trabalha num hospital regional, a AFP descreve um cenário de caos, com corpos alinhados nos corredores da unidade e a morgue lotada.

Na origem dos confrontos terá estado a decisão polémica por parte do árbitro de exibir um cartão vermelho a um dos jogadores ao 82.º minuto do jogo, espoletando uma onda de reações violentas nas bancadas que se arrastou para o exterior do estádio.

Alguns dos espectadores começaram a atirar pedras, o que motivou o pânico entre a multidão. A fuga descontrolada levou a que várias pessoas morressem espezinhadas no meio da multidão.

“Começaram a atirar pedras a polícia começou a disparar gás lacrimogéneo”, disse à Reuters uma testemunha que estava no jogo. “Na fuga e na confusão que se seguiu, vi pessoas a cair ao chão, raparigas e crianças a serem pisadas.”

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

A fuga apressada de uma multidão em pânico gerou um grande aglomerado de pessoas nas saídas do estádio.

De acordo com a imprensa, era um jogo dedicado ao chefe da Junta Militar, Mamadi Doumbouya, que chegou ao poder após um golpe de Estado que liderou em setembro de 2021. A Agência Reuters recorda que o país tem passado por um período de instabilidade, exigindo as eleições prometidas por Doumbouya depois do golpe de 2021.

O jogo de futebol terá sido organizado justamente com o objetivo de aumentar o apoio político a Doumbouya — que lidera uma junta militar que prometeu um período de transição de dois anos a partir de 2022, mas que não deu ainda qualquer indicação de que as eleições venham mesmo a acontecer.

O primeiro-ministro Bah Oury cjá ondenou a violência. Numa mensagem na rede X declara que o “Governo lamenta os incidentes” e apelou à calma: “As autoridades regionais estão a trabalhar arduamente para restaurar a calma e a serenidade entre a população. O governo está a acompanhar a evolução da situação e reitera o seu apelo à calma para que os serviços hospitalares não sejam prejudicados na prestação de primeiros socorros aos feridos. Pede-se às autoridades da cidade que contribuam também para a restauração da tranquilidade social”, remetendo para mais tarde um comunicado com mais informação.