O Tribunal Constitucional romeno anulou, esta sexta-feira, os resultados da primeira volta das eleições presidenciais, realizadas a 24 de novembro, a dois dias da segunda volta.

A decisão sem precedentes do Tribunal Constitucional — que tem carácter definitivo — foi tomada depois de o Presidente Klaus Iohannis ter desclassificado, na quarta-feira, informações que alegavam que a Rússia tinha levado a cabo uma campanha em grande escala, com milhares de contas nas redes sociais, para promover o ultranacionalista Călin Georgescu, vencedor da primeira volta, em plataformas como o TikTok e o Telegram.

Contra as expectativas e o que indicavam as sondagens, que lhe davam 6% de intenções de voto, Georgescu emergiu como o principal candidato em 24 de novembro, com 23% dos votos.

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O candidato, considerado pró-russo, declarou não ter gasto nada na campanha.

Os romenos deveriam ir às urnas no domingo para a segunda volta das eleições presidenciais, para escolher entre Călin Georgescu e a conservadora e pró-europeia Elena Lasconi.

O Tribunal Constitucional da Roménia havia validado na segunda-feira, após nova contagem, os resultados da primeira volta das eleições presidenciais, realizadas em 24 de novembro e marcadas pela surpreendente vitória de Georgescu.

Num país em clima de turbulência política, a decisão do Tribunal Constitucional tinha clarificado a situação e permitido uma segunda volta das eleições presidenciais no domingo, nas condições inicialmente previstas.

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Em reação à decisão do Tribunal Constitucional da Roménia, Călin Georgescu considera que o anulação representa “mais do que uma controvérsia legal”, sendo “praticamente um golpe de estado oficializado“. Em declarações publicadas num vídeo no seu canal do YouTube, Georgescu acredita que “o Estado de direito está em coma induzido”, e que “a justiça perdeu a sua essência“.

“Já não é a Justiça. É uma ordem. Neste estado, já não estamos a falar de justiça, mas praticamente a falar de um simulacro que trai os princípios da democracia. A democracia não é negociável. O poder do povo é o fundamento do Estado democrático, porque ser soberano significa respeitar a opção do outro, valorizar o voto universal”, afirma.

O candidato presidencial defende que a “democracia está sob ataque” e refere que este processo foi avançado pelo Tribunal Constitucional porque os restantes líderes partidários “estão com medo de perder os seus poderes e privilégios”.