A União Europeia fechou nesta sexta-feira um acordo comercial com os países do Mercosul, ao cabo de duas décadas de negociação. É uma “vitória para a Europa”, diz Ursula Von der Leyen, recentemente reconduzida como presidente da Comissão Europeia.
“Trinta mil pequenas empresas europeias já exportam para o Mercosul. Muitas mais se seguirão”, anunciou a presidente da Comissão Europeia.
Ursula Von der Leyen diz que este acordo “reflete os nossos valores e o nosso compromisso com a ação climática”, ao mesmo tempo que os “padrões alimentares e de saúde continuam intocáveis”.
This agreement is a win for Europe.
30.000 European small companies are already exporting to Mercosur.
Many more will follow.
EU-Mercosur reflects our values and commitment to climate action.
And our ???????? health and food standards remain untouchable ↓ https://t.co/Swp66exJrY
— Ursula von der Leyen (@vonderleyen) December 6, 2024
“Acordo não é apenas uma oportunidade económica”, diz Von der Leyen no Uruguai
“Hoje assinala-se um marco verdadeiramente histórico e permitam-me que comece por agradecer aos negociadores principais a sua dedicação e o seu empenho [pois] trabalharam incansavelmente durante muitos e muitos anos para conseguir uma unidade ambiciosa e equilibrada”, declarou Ursula von der Leyen.
Falando à imprensa a partir de Montevidéu, no Uruguai, onde se deslocou para uma reunião de líderes da UE e do Mercosul a propósito das negociações sobre esta parceria de comércio e investimento que servirá um mercado de 700 milhões de consumidores, a líder do executivo comunitário vincou que “este acordo não é apenas uma oportunidade económica, é uma necessidade política”.
Também intervindo na ocasião, o Presidente uruguaio, Luis Pou, em representação de todos os países do Mercosul (Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai), salientou “a relevância do dia de hoje”.
Na ocasião, estava também o Presidente brasileiro, Lula da Silva, de quem Ursula von der Leyen disse esperar “esforços para proteger a Amazónia”.
A UE e Mercosul têm mantido contacto regular, o que permitiu concluir esta sexta-feira as negociações políticas nomeadamente em questões como os compromissos ambientais, após um primeiro aval em 2019, que não teve seguimento.
O acordo UE-Mercosul abrange os 27 Estados-membros da UE mais Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai, o equivalente a 25% da economia global e 780 milhões de pessoas, quase 10% da população mundial.
António Costa saúda “conquista importante”
O presidente do Conselho Europeu, António Costa, saudou também o acordo político entre a UE e os países do Mercosul, falando numa “conquista muito importante”.
“Saúdo a Comissão Europeia pelo acordo alcançado com os países do Mercosul. Trata-se de uma conquista muito importante”, reagiu António Costa, numa publicação na rede social X.
Reagindo ao anúncio de consenso político, que permite a conclusão das negociações do acordo de parceria entre os blocos europeu e latino-americano, o líder da instituição que junta os chefes de Governo e de Estado da UE assinalou: “Os Estados-membros irão agora avaliá-lo [ao acordo político] e tomar uma decisão”.
Ainda assim, para António Costa, “o comércio é positivo para a Europa”.
“É bom para a competitividade e para o emprego, é bom para o nosso lugar no mundo, é bom para os nossos cidadãos”, adiantou.
I congratulate the @EU_Commission for the agreement reached with the @mercosur countries. It is a very important achievement. The Member States will now evaluate it and decide.
Trade is good for Europe. It’s good for competitiveness and jobs. It’s good for our place in the…
— António Costa (@eucopresident) December 6, 2024
Montenegro saúda Von der Leyen e pede avanços rápidos na criação da “maior zona de comércio do mundo
O primeiro-ministro português defendeu esta sexta-feira que a União Europeia tem de avançar rapidamente com a criação da maior zona de comércio livre do mundo, numa mensagem de parabéns a Ursula von der Leyen, na rede social X.
“Parabéns, @vonderleyen pela histórica conclusão das negociações do Acordo UE-Mercosul. Temos que avançar rapidamente com a criação da maior zona de comércio livre do mundo, com 700 milhões de consumidores, criando oportunidades para os nossos cidadãos e empresas”, escreveu Luís Montenegro.
Parabéns, @vonderleyen pela histórica conclusão das negociações do Acordo UE-Mercosul.
Temos que avançar rapidamente com a criação da maior zona de comércio livre do mundo, com 700 milhões de consumidores, criando oportunidades para os nossos cidadãos e empresas.— Luís Montenegro (@LMontenegropm) December 6, 2024
Marcelo espera que acordo UE-Mercosul seja rapidamente posto em prática
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, afirmou esta sexta-feira esperar que o acordo UE-Mercosul seja rapidamente confirmado pelo Parlamento Europeu e Estados membros, considerando que beneficia os países, empresas e cidadãos.
Numa nota divulgada no “site” da Presidência da República, Marcelo Rebelo de Sousa saudou a conclusão das negociações. Marcelo espera que “possa ser rapidamente confirmado pelo Parlamento Europeu e pelos Estados Membros, no seio do Conselho de Ministros da União Europeia”.
“O Acordo entre a União Europeia e o Mercosul representa um ganho muito substancial para os dois lados do Atlântico, beneficiando todos: Estados, empresas e cidadãos. Será agora muito importante pô-lo em prática”, declarou.
O Presidente da República considerou que o acordo representa um “importante passo” no fortalecimento das relações económicas e políticas entre a Europa e a América Latina, num “contexto geopolítico marcado por tensões comerciais e tentações de protecionismo”.
Para Portugal, representa ainda “um reforço dos laços históricos e culturais com estes países e povos, já de si tão próximos”.
“Ao integrar cláusulas sociais e de sustentabilidade, representa também um compromisso com o Acordo de Paris e contribui para os objetivos do Pacto Ecológico Europeu”, disse.
O “acordo histórico” representa “uma oportunidade única para as empresas e a economia de ambos os lados do Atlântico, que terão acesso a um mercado de mais de 700 milhões de pessoas em condições mais favoráveis, seja para exportação, seja para investimento”.